São Paulo, domingo, 16 de novembro de 2008

Crise afeta emprego e eleva inadimplência no país

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL


Bem mais rápido do que se esperava, a crise financeira global mostrou na semana passada a sua face mais severa no lado real da economia brasileira: demissões na indústria paulista, previsão de queda nas vendas e diminuição na produção do setor automobilístico, aumento da inadimplência, além de aperto no crédito e juros maiores -um pacote completo de más notícias para azedar o Natal. O estrago previsto é tão grande que os governos federal e de São Paulo e Minas correram para liberar dinheiro dos bancos públicos para garantir as vendas no final de ano.
Com o crédito escasso nos bancos privados, o Banco do Brasil e a paulista Nossa Caixa pegaram o vácuo e colocaram R$ 8 bilhões à disposição para financiar a indústria automobilística, que faz sucessivos feirões para desencalhar o estoque antes de iniciar demissões para adequar a produção às vendas menores. O preço médio dos carros usados recuou 0,94%, sendo que para vender alguns veículos as concessionárias chegam a dar descontos de até R$ 5.000, segundo a agência AutoInforme, especializada em pesquisa de preços de veículos.
A Caixa Econômica Federal abriu uma linha extra de R$ 2 bilhões para financiar a compra de eletrodomésticos, eletrônicos, móveis e material de construção. A Caixa também deve desembolsar outros R$ 3 bilhões para as construturas terminarem suas obras.
Segundo a Fiesp, foram fechados 10 mil postos de trabalho na indústria paulista em outubro, mês em que o setor ainda corre para atender a demanda do Natal. Foi a primeira retração em outubro em cinco anos. Para a Fiesp, a redução de vagas foi atípica e sinaliza uma confiança menor do empresariado no futuro das vendas.
Indicador que mais assusta bancos e empresas, a inadimplência da pessoa física cresceu 4,9% de setembro para outubro, segundo a Serasa. A alta foi atribuída também às "incertezas", que deixaram o crédito mais caro e menos disponível.
Levantamento do Procon de São Paulo mostra que os juros do cheque especial e dos empréstimos pessoais atingiram 9,24% e até 8,15% ao mês -maior patamar desde 2003. Para o Procon, essas taxas refletem a escassez de crédito.


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