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Crise afeta emprego e eleva inadimplência no país
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
Bem mais rápido do que se
esperava, a crise financeira global mostrou na semana passada a sua face mais severa no lado real da economia brasileira:
demissões na indústria paulista, previsão de queda nas vendas e diminuição na produção
do setor automobilístico, aumento da inadimplência, além
de aperto no crédito e juros
maiores -um pacote completo
de más notícias para azedar o
Natal. O estrago previsto é tão
grande que os governos federal
e de São Paulo e Minas correram para liberar dinheiro dos
bancos públicos para garantir
as vendas no final de ano.
Com o crédito escasso nos
bancos privados, o Banco do
Brasil e a paulista Nossa Caixa
pegaram o vácuo e colocaram
R$ 8 bilhões à disposição para
financiar a indústria automobilística, que faz sucessivos feirões para desencalhar o estoque antes de iniciar demissões
para adequar a produção às
vendas menores. O preço médio dos carros usados recuou
0,94%, sendo que para vender
alguns veículos as concessionárias chegam a dar descontos de
até R$ 5.000, segundo a agência
AutoInforme, especializada em
pesquisa de preços de veículos.
A Caixa Econômica Federal
abriu uma linha extra de R$ 2
bilhões para financiar a compra
de eletrodomésticos, eletrônicos, móveis e material de construção. A Caixa também deve
desembolsar outros R$ 3 bilhões para as construturas terminarem suas obras.
Segundo a Fiesp, foram fechados 10 mil postos de trabalho na indústria paulista em
outubro, mês em que o setor
ainda corre para atender a demanda do Natal. Foi a primeira
retração em outubro em cinco
anos. Para a Fiesp, a redução de
vagas foi atípica e sinaliza uma
confiança menor do empresariado no futuro das vendas.
Indicador que mais assusta
bancos e empresas, a inadimplência da pessoa física cresceu
4,9% de setembro para outubro, segundo a Serasa. A alta foi
atribuída também às "incertezas", que deixaram o crédito
mais caro e menos disponível.
Levantamento do Procon de
São Paulo mostra que os juros
do cheque especial e dos empréstimos pessoais atingiram
9,24% e até 8,15% ao mês
-maior patamar desde 2003.
Para o Procon, essas taxas refletem a escassez de crédito.
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