São Paulo, domingo, 19 de julho de 2009


Recesso não deve aliviar Sarney das denúncias

IGOR GIELOW
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA


O Legislativo entrou em recesso, mas há poucos sinais de que a crise política encastelada no Senado vá dar folga a seus protagonistas. O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), até apelou a Sêneca ao anunciar que optaria pelo silêncio, mas dificilmente o manancial de denúncias que o atinge e a seu entorno irá secar nas próximas semanas.
Quando as revelações envolvendo entidades ligadas à sua família e a seus aliados no Maranhão pareciam começar a repetir-se, na quarta-feira a Polícia Federal indiciou Fernando Sarney por diversos crimes.
Filho do senador, Fernando teria praticado, entre outras coisas, tráfico de influência para nomeações e indicações em licitações. Tudo em órgãos públicos, vários na esfera do setor elétrico, que é uma espécie de protetorado de Sarney.
A nora do senador também foi indiciada, e as investigações têm o potencial de sobrepor escândalos diferentes com os mesmos personagens. Todos negam irregularidades.
Enquanto isso, o presidente do Senado vai se aguentando. O cerne de seu apoio chama-se Luiz Inácio Lula da Silva.
Além da improbabilidade de que o tiroteio diminua muito nas duas semanas que durará o recesso, a aposta dos sarneyzistas de que o noticiário se recalibre e volte as baterias para a CPI da Petrobras é incerta. A comissão começará a funcionar em agosto, mas a blindagem feita pelo Planalto nas investigações poderá colocar sua relevância à prova.
Naturalmente, não é com isso que a oposição conta, ao propagandear "pizza temperada com pré-sal", sugerida devido ao esforço oficial de dizer que a CPI atrapalha os planos de investimento da estatal. PSDB e DEM creem que as denúncias envolvendo a empresa aparecerão por gravidade, como costuma ocorrer nesses casos.
Depois de seis meses de crise, o Congresso Nacional pode esperar mais dias turbulentos adiante.


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