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Recesso não deve aliviar Sarney das denúncias
IGOR GIELOW
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Legislativo entrou em recesso, mas há poucos sinais de
que a crise política encastelada
no Senado vá dar folga a seus
protagonistas. O presidente do
Senado, José Sarney (PMDB-AP), até apelou a Sêneca ao
anunciar que optaria pelo silêncio, mas dificilmente o manancial de denúncias que o
atinge e a seu entorno irá secar
nas próximas semanas.
Quando as revelações envolvendo entidades ligadas à sua
família e a seus aliados no Maranhão pareciam começar a repetir-se, na quarta-feira a Polícia Federal indiciou Fernando
Sarney por diversos crimes.
Filho do senador, Fernando
teria praticado, entre outras
coisas, tráfico de influência para nomeações e indicações em
licitações. Tudo em órgãos públicos, vários na esfera do setor
elétrico, que é uma espécie de
protetorado de Sarney.
A nora do senador também
foi indiciada, e as investigações
têm o potencial de sobrepor escândalos diferentes com os
mesmos personagens. Todos
negam irregularidades.
Enquanto isso, o presidente
do Senado vai se aguentando. O
cerne de seu apoio chama-se
Luiz Inácio Lula da Silva.
Além da improbabilidade de
que o tiroteio diminua muito
nas duas semanas que durará o
recesso, a aposta dos sarneyzistas de que o noticiário se recalibre e volte as baterias para a
CPI da Petrobras é incerta. A
comissão começará a funcionar
em agosto, mas a blindagem
feita pelo Planalto nas investigações poderá colocar sua relevância à prova.
Naturalmente, não é com isso que a oposição conta, ao propagandear "pizza temperada
com pré-sal", sugerida devido
ao esforço oficial de dizer que a
CPI atrapalha os planos de investimento da estatal. PSDB e
DEM creem que as denúncias
envolvendo a empresa aparecerão por gravidade, como costuma ocorrer nesses casos.
Depois de seis meses de crise,
o Congresso Nacional pode esperar mais dias turbulentos
adiante.
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