|
Confronto entre policiais civis e PM marca greve em SP
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Um confronto inédito entre
Polícia Militar e Polícia Civil de
São Paulo marcou uma semana
em que uma situação de tensão,
cujo pivô é a greve de policiais
civis, evidencia o risco de misturar disputas políticas de um
lado, resistência em negociar
de outro, com consequências
ainda imprevisíveis pela frente.
Desde o início do ano, as entidades da Polícia Civil vêm tentando recuperar o que classificam de perdas acumuladas durante mais de uma década sem
aumentos, o que deixou delegados paulistas na situação de ter
um dos menores salários pagos
à categoria no país. Um delegado em início de carreira ganha
R$ 3.708,18.
Se as entidades da Polícia Civil fazem reivindicações consideradas irrealistas, o governo
José Serra (PSDB) não aceitou
negociar sem que a greve fosse
suspensa, o que abriu espaço
para que políticos se aproveitassem do conflito para tentar
obter dividendos eleitorais.
A primeira justificativa para
o governo tachar a greve como
política veio de um panfleto
distribuído no início do ano. O
documento conclamava os policiais a se mobilizar porque,
em ano eleitoral, o governo estaria mais fragilizado para enfrentar uma categoria com alta
capilaridade em todo o Estado.
As entidades dos policiais civis decidiram iniciar a greve a
duas semanas do primeiro turno da eleição. O governo paulista, acreditando que a paralisação se esvaziaria aos poucos,
suspendeu as negociações.
Tampouco recebia interlocutores ou se posicionava via imprensa. Os policiais resistiram.
O governo, então, aumentou
a proposta para reajustes de em
média 6% aos policiais, que
querem 15% já e mais duas parcelas de 12% nos próximos dois
anos. O Estado diz não ter recursos, estimando o custo do
reajuste pedido em até R$ 3 bilhões, e afirma temer que a arrecadação caia em 2009 devido
aos efeitos da crise mundial.
A oposição ao governo estadual decidiu encampar o movimento, que passou a contar
com a presença de sindicalistas
da CUT, ligada ao PT, e da Força Sindical, vinculada ao PDT.
Surgem reivindicações como a
demissão do secretário da Segurança e eleição direta do delegado-geral, que invadem uma
área de competência exclusiva
do governador e contribuem
para politizar as manifestações.
Em meio à confusão, ficaram
os policiais civis e militares que
promoveram a batalha campal
em que se transformou o protesto de quinta-feira, com um
saldo de 29 feridos -e feridas
que custarão a cicatrizar.
Próximo Texto: Hits da web Índice
|