São Paulo, domingo, 25 de abril de 2010

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Interferência do governo marcou leilão de Belo Monte

LEILA COIMBRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Um consórcio azarão, montado às pressas pelo governo federal, venceu o leilão de concessão da hidrelétrica de Belo Monte, maior usina 100% nacional e terceira do mundo.
O consórcio Norte Energia, liderado pela estatal Chesf (subsidiária da Eletrobrás), pela Queiroz Galvão e pelo grupo Bertin, no entanto, começou a ter problemas horas depois da notícia da vitória, com sócio ameaçando deixar o grupo.
O governo teve papel central em todo o processo, e o presidente Lula chegou a dizer que, se fosse necessário, a União tocaria sozinha a obra gigantesca, orçada em R$ 19 bilhões.
Antes do leilão, o governo articulou com empresas privadas, estatais e fundos de pensão como formar os grupos que iriam disputar e tocar o empreendimento. Concedeu benefícios fiscais (abatimento do IR em 75%) e condições de financiamento excepcionais, que irão reduzir em R$ 6 bilhões os custos da obra.
Após o leilão, o Planalto passou a articular quem entrará na Sociedade de Propósito Específico (SPE), que ficará com Belo Monte. Discute e avalia também quem irá construir a obra.
Podem entrar como investidores grandes indústrias interessadas na produção de energia para o consumo próprio, como CSN, Gerdau e Braskem. Empresas que estavam no consórcio perdedor, como Vale e Votorantim, também negociam com o governo uma participação no projeto.
Odebrecht e Camargo Corrêa, que desistiram da disputa, estão de olho em uma fatia da empreitada de construção.
Os contratos das obras se tornaram o grande filão. Como o retorno financeiro do projeto é incerto, os custos orçados pelo governo ficaram abaixo das expectativas e o preço-teto do valor da energia ficou menor do que o mercado já considerava baixo, talvez o melhor negócio para as empreiteiras é atuar na construção e não como investidora da usina de Belo Monte.


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