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Interferência do governo marcou leilão de Belo Monte
LEILA COIMBRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Um consórcio azarão, montado às pressas pelo governo federal, venceu o leilão de concessão da hidrelétrica de Belo
Monte, maior usina 100% nacional e terceira do mundo.
O consórcio Norte Energia,
liderado pela estatal Chesf
(subsidiária da Eletrobrás), pela Queiroz Galvão e pelo grupo
Bertin, no entanto, começou a
ter problemas horas depois da
notícia da vitória, com sócio
ameaçando deixar o grupo.
O governo teve papel central
em todo o processo, e o presidente Lula chegou a dizer que,
se fosse necessário, a União tocaria sozinha a obra gigantesca,
orçada em R$ 19 bilhões.
Antes do leilão, o governo articulou com empresas privadas, estatais e fundos de pensão
como formar os grupos que
iriam disputar e tocar o empreendimento. Concedeu benefícios fiscais (abatimento do
IR em 75%) e condições de financiamento excepcionais, que
irão reduzir em R$ 6 bilhões os
custos da obra.
Após o leilão, o Planalto passou a articular quem entrará na
Sociedade de Propósito Específico (SPE), que ficará com Belo
Monte. Discute e avalia também quem irá construir a obra.
Podem entrar como investidores grandes indústrias interessadas na produção de energia para o consumo próprio, como CSN, Gerdau e Braskem.
Empresas que estavam no consórcio perdedor, como Vale e
Votorantim, também negociam com o governo uma participação no projeto.
Odebrecht e Camargo Corrêa, que desistiram da disputa,
estão de olho em uma fatia da
empreitada de construção.
Os contratos das obras se tornaram o grande filão. Como o
retorno financeiro do projeto é
incerto, os custos orçados pelo
governo ficaram abaixo das expectativas e o preço-teto do valor da energia ficou menor do
que o mercado já considerava
baixo, talvez o melhor negócio
para as empreiteiras é atuar na
construção e não como investidora da usina de Belo Monte.
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