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Chávez e Zelaya roubam a cena em semana do G20
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
Com imenso senso de oportunidade, o presidente Hugo
Chávez, da Venezuela, e o presidente deposto de Honduras,
Manuel Zelaya, roubaram a cena e as páginas internacionais
na semana em que deveriam
brilhar a ONU (Organização
das Nações Unidas) e o G20 (o
grupo ampliado de países que
dão as cartas no mundo).
Chávez emprestou a estratégia e um avião venezuelano para Zelaya chegar a El Salvador
e, dali, entrar por terra em
Honduras, voltar à capital do
país e se meter na Embaixada
do Brasil, país que tem peso político e econômico, além de ser
razoavelmente neutro entre
Washington e Caracas.
A operação foi na segunda-feira passada, dia 21, e desde
então tudo gira em torno disso,
inclusive o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
na abertura da Assembleia Geral anual da ONU.
O seu grande momento,
aquele de arrancar aplausos, foi
justamente quando ele condenou os golpistas hondurenhos e
pediu ação internacional para a
defesa da embaixada brasileira
e a volta à normalidade institucional no país.
A volta de Zelaya a Tegucigalpa interrompeu o processo da
eleição presidencial marcada
para 29 de novembro, deixou a
Embaixada do Brasil vulnerável dentro (a dezenas de simpatizantes zelaystas) e fora (a manifestantes e a militares com
gás lacrimogêneo).
Os relatos são grotescos, com
brasileiros e hondurenhos sem
banho durante dias, comendo
pizzas frias e biscoitos adormecidos e dormindo por sofás, cadeiras e colchonetes. E sem
perspectiva de solução.
Diante do impasse, a ONU e a
OEA (Organização dos Estados
Americanos), nas quais a força
predominante é dos Estados
Unidos, pressionam para que
Zelaya e o presidente de fato,
Roberto Micheletti, negociem
e acertem os termos das eleições. Até lá, Zelaya fica, enquanto o governo brasileiro se
debate na armadilha que o presidente deposto e Chávez criaram para o Brasil.
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