São Paulo, domingo, 28 de junho de 2009

Sarney costura apoios que lhe restam para tentar sobreviver à crise no Senado

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O senador José Sarney, 79, (PMDB-AP) enfrenta sua pior crise desde que foi eleito para presidir o Senado pela terceira vez, em fevereiro passado.
A revelação dos 663 atos secretos que escondiam nomeações de parentes, triangulações de servidores entre gabinetes, apadrinhados políticos e benefícios a determinados grupos levaram Sarney, no início da semana, a demitir das funções o diretor-geral do Senado, Alexandre Gazineo, e o diretor de Recursos Humanos, Ralph Siqueira, ambos suspeitos de envolvimento no escândalo.
Sarney já havia perdido um de seus homens de confiança: Agaciel Maia, escolhido por ele para a Direção Geral do Senado há 14 anos. Foi exonerado depois da revelação, em março, de que escondeu da Justiça casa avaliada em R$ 5 milhões. Gazineo e Ralph eram homens de confiança de Agaciel.
Com a batalha para uma rápida recuperação da imagem externa da instituição praticamente perdida, Sarney procura costurar os apoios internos que lhe restam. Um dos principais conselheiros é Renan Calheiros (PMDB-AL), que também deixou a presidência arrastado por uma série de denúncias.
Por dois dias, o presidente do Senado teve que ouvir da tribuna do Senado pedidos para que se licencie enquanto não forem concluídas as investigações sobre os servidores. Os que defendem seu afastamento, como o senador Pedro Simon (PMDB-RS), alegam que, estando na presidência, Sarney não pode responder questões do "neto, do mordomo, do diretor que ele criou e manteve por 14 anos no cargo". Os aliados insistem na permanência, mas também o acusam de cometer um erro político atrás do outro na condução da crise.
No início da semana, Sarney disse a aliados que seu temor é ser obrigado a sair "pela porta dos fundos" na fase final de sua carreira política. A semana terminou com os aliados preocupados de que só lhe reste esta alternativa.


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