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Chuvas e falta de planejamento fazem vítimas em SC
JÚLIO VERÍSSIMO
COORDENADOR DA AGÊNCIA FOLHA
Luana Sofia Eger, 3, Larissa
Sabrina da Conceição, 8, Miguel Nascimento, 73, Valeria
Dickman, 63, são alguns dos
mais de cem mortos na tragédia que atingiu Santa Catarina
desde o último dia 22, quando
fortes chuvas desabaram sobre
o Estado. A lista da Defesa Civil estampa também nomes de
famílias inteiras, a maioria
morta em soterramentos.
As cidades próximas ao rio
Itajaí-Açu foram as mais prejudicadas pelos temporais. O
rio subiu mais de 15 metros e
isolou muitos municípios.
Mais de 78 mil estão desalojados ou desabrigados. Em
Ilhota, um terço dos 12 mil habitantes perdeu a casa. No Estado, cerca de 1,5 milhão de
pessoas foram afetadas pelas
inundações. Rodovias federais
e estaduais foram bloqueadas.
A enxurrada varreu encostas,
morros e soterrou casas. Oficialmente, há 19 desaparecidos. Mas, em algumas localidades, a Defesa Civil local estima
em centenas o número de flagelados que ainda não deram
sinal de vida.
Num primeiro momento, as
autoridades do Estado atribuíram a culpa às mudanças climáticas e ao excesso de chuvas. Mas, segundo especialistas, as principais causas do
caos são conhecidas e recorrentes: ocupação desordenada
das encostas e dos morros,
desmate da vegetação nativa,
falta de mapeamento de áreas
de risco e ausência de estudos
do solo antes de construir.
Blumenau, por exemplo,
ficou submersa mais uma vez.
A cidade, inclusive, tem histórico em contabilizar mortes e
desolação desde a época do
império.
Na litorânea Itajaí, afora os
mortos e desabrigados, sobreviventes desesperados saquearam supermercados. Nem casas abandonadas escaparam,
muitas delas já destruídas.
Proprietários permaneciam
nos destroços do imóvel na
tentativa de impedir o furto do
que sobrou. Foi decretada uma
espécie de "toque de recolher",
para impedir novas ações.
O reflexo da chuva atingiu
outro Estado. O Rio Grande do
Sul está com o fornecimento de
gás interrompido após a explosão de um gasoduto na região
de Gaspar (SC).
Agora, como das outras vezes, começa o trabalho de reconstrução. Pouco adiantará a
distribuição de recursos -a
União liberou R$ 1,6 bilhão para os Estados afetados pelas
chuvas, pois Espírito Santo e
Rio de Janeiro também contam
com desabrigados- se não se
levar em conta a questão climática no novo planejamento.
Do contrário, listas com nomes de mortos, como Luana,
Larissa, Miguel e Valéria, continuarão sendo divulgadas ao fim
de cada dilúvio. Santa Catarina:
Estado de calamidade.
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