São Paulo, domingo, 31 de maio de 2009


Coreia do Norte faz desafio ao mundo com seu novo teste de bomba nuclear

RODRIGO RÖTZSCH
EDITOR DE MUNDO

Dos três grandes inimigos jurados dos EUA -aqueles a quem Obama prometeu estender a mão caso abrissem o punho-, a Coreia do Norte vinha relegada a um terceiro plano, bem atrás do Irã e de Cuba.
O regime de Kim Jong-il não conseguiu chamar atenção suficiente nem quando, há dois meses, testou um míssil que poderia atingir o território americano. Mas, ao testar no último domingo, pela segunda vez em três anos, uma bomba nuclear, Pyongyang conseguiu toda a atenção que queria.
As principais hipóteses para a realização do teste são três: a) a de que um adoentado Kim quisesse reafirmar seu poder e aplainar o caminho para a sucessão; b) a de que ele esteja seguindo o velho padrão de ameaçar primeiro para barganhar depois; e c) a de que simplesmente não se possam buscar explicações racionais para as ações de um ditador megalômano -esta, a mais assustadora em se tratando de alguém com uma bomba nuclear.
Apesar da retórica estridente de Pyongyang, poucos acreditam que haja risco de guerra iminente na península Coreana. O maior temor é que a Coreia do Norte venda seu arsenal nuclear para outros mais interessados nele -como o Irã.
Se alguém tem a chave para conter Kim, é a China, que fornece petróleo para manter o vizinho andando e tem o poder de barrar sanções mais firmes.
O medo de que uma Coreia do Norte nuclear faça Seul, e, principalmente, Tóquio quererem as próprias bombas pode tirar Pequim do imobilismo. Caso isso não ocorra, ao menos no que se refere a Pyongyang, a mão de Obama ficará estendida por muito tempo -no ar.


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