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Ulysses Benozzatti (1925-2011)

O dentista com ciúmes da cantora

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

Quando a porta se abria e, em vez dos tradicionais clientes, entravam no consultório de Ulysses Benozzatti, em Assis (SP), seus sobrinhos, ele logo brincava, já que não iria cobrar a conta: "Hoje é um dia de lucro, vou ficar rico".

Irônico e muito brincalhão, o dentista tratou da família toda. Só não fez o mesmo com as duas filhas porque, quando elas nasceram, ele já estava aposentado. Mas uma vantagem elas tiveram na infância: aprenderam com o pai a não sentir medo de dentistas.

Assisense, Ulysses -que teve a letra "zê" dobrada no sobrenome por erro de registro- formou-se em odontologia em Rio Claro (SP) e depois voltou para sua terra.

Lá, conheceu a mulher, Laurecy, num bar onde ela tinha entrado para comprar chocolate. Laurita, como é conhecida, era cantora de sambas e boleros numa orquestra da cidade. No começo, ele a acompanhava nos shows, mas tinha muito ciúmes.

A mulher acabou desistindo da carreira musical e, depois do casamento, passou a trabalhar como costureira.

Mas sempre continuou catando em casa, especialmente a música "Johnny Guitar", que o marido adorava.

Ulysses viveu no interior até quatro anos atrás, quando se mudou para a capital. Gostava de fazer caminhadas no parque Ibirapuera.

Já tinha tirado um tumor do intestino e estava fazendo quimioterapia por causa de pontinhos que apareceram no pulmão. Recebia cuidados da sobrinha, Regina, a Pichu, que ele chamava de Xerife.

Morreu na sexta, aos 85. Haverá uma missa hoje, às 11h30, na paróquia Assunção de Nossa Senhora, em SP.

coluna.obituario@uol.com.br

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