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Análise

Novos empreendimentos imobiliários têm tendência de se fechar para a cidade

NADIA SOMEKH
ESPECIAL PARA A FOLHA

A cidade contemporânea se caracteriza por possibilidades que o progresso técnico permite. O planejamento urbano deve se adequar a uma dupla temporalidade: das rápidas transformações da sociedade e da lentidão de constituição do quadro construído.

O resultado formal de São Paulo nem sempre é exemplar. Dizer que é falta de planejamento é um jargão ultrapassado. Nossas pesquisas históricas mostram que planejamento em São Paulo sempre houve e seus planos urbanísticos e leis construíram uma cidade do capital, sem qualidade urbana.

A perda de qualidade também pode ser associada à redução do protagonismo dos arquitetos comprometidos com ela. Além disso, apesar dos novos programas habitacionais, a população pobre ainda vive em favelas e cortiços e loteamentos irregulares.

Os empreendimentos imobiliários contemporâneos têm a tendência de se fechar para a cidade que incomoda e reproduzir as atividades de forma endógena. Mas é a circulação, a troca e a diversidade de vínculos que constitui a riqueza da cidade.

É falsa a dicotomia entre planos e projetos. Precisamos de planos compreensivos que permitam continuidade administrativa e projeção das necessidades futuras. Por outro lado projetos fragmentados transformam de forma efetiva pedaços da cidade que devem ser costurados, envolvendo a população. A questão é como construir planos e projetos com participação.

A classe média está começando a valorizar seu patrimônio histórico, cultural e ambiental. E está se mobilizando para defendê-lo. Buscar uma cidade com qualidade depende de todos, mas primeiramente de um vínculo entre cidadão e espaço construído.

NADIA SOMEKH é professora de arquitetura e urbanismo do Mackenzie

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