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Seis adolescentes são mortos a tiros em chacina no Pará

Polícia suspeita de grupo de extermínio; garotos foram colocados de joelhos antes dos disparos

AGUIRRE TALENTO
DE BELÉM

Colocados de joelhos, seis adolescentes foram mortos com tiros na cabeça na noite de sábado na ilha Icoaraci, um distrito de Belém, capital paraense. Os garotos tinham entre 14 e 17 anos. Os corpos foram enterrados ontem.

Segundo a Polícia Civil, eles foram abordados por dois homens quando estavam conversando, sentados, em uma calçada do bairro Ponta Grossa, um dos pontos do tráfico de drogas do distrito.

A polícia investiga se existe relação das mortes com o tráfico ou se o caso é de ação de grupos de extermínio.

Apenas um dos garotos já teve passagem pela polícia, por um caso de lesão corporal, sem relação com drogas.

Icoaraci fica a 20 km de

Belém e é frequentada por moradores da capital por causa de sua orla e de seus restaurantes.

ARMA EM PUNHO

Os dois criminosos chegaram ao local -uma rua estreita com casas pequenas- de moto, segundo a polícia.

O que estava na garupa desceu de arma em punho, gritou que era policial, ordenou que os jovens se ajoelhassem e começou a atirar.

Todos morreram na hora, à exceção de um, que morreu ao dar entrada no hospital.

Os assassinatos ocorreram na porta da casa de um dos garotos. O pai deles havia entrado no imóvel poucos minutos antes dos tiros.

"Quando eu saí, já estavam todos no chão, ensanguentados", disse o auxiliar de produção Paulo Sérgio Cunha.

Os familiares lavaram a calçada, repleta de sangue.

Entre as vítimas, havia dois irmãos e um primo deles. "Todos eles me ajudavam a vender brinquedos nos fins de semana", disse o vendedor Carlos Alberto Gonçalves.

VELAS

Ontem, os familiares das vítimas acenderam velas no local da chacina e colocaram cartazes pedindo justiça.

"Destruíram famílias. A gente nunca espera que aconteça com um filho nosso", afirmou a doméstica Renata Pereira, 28, mãe do adolescente mais jovem.

Os moradores da rua dizem que agora têm medo de sair durante a noite. "Enquanto a gente se lembrar disso, tão cedo não vamos ficar sentados conversando aqui na porta", afirmou a aposentada Ana Maria dos Santos.

Os familiares dos jovens dizem que a intenção dos assassinos era matar outro grupo de rapazes. "Pegaram as pessoas erradas. Eles não faziam nada de errado", disse Renata.

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