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Grupo queria levar inspeção a 10 Estados

Consórcio que é alvo de investigação no Rio Grande do Norte preparava expansão do esquema, diz Ministério Público

Modelo de serviço que mede a emissão de poluentes por veículos foi elaborado, primeiro, na cidade de São Paulo

FÁBIO GUIBU
ENVIADO ESPECIAL A NATAL (RN)

O grupo preso sob suspeita de fraudar a inspeção veicular no Rio Grande do Norte pretendia implantar o mesmo serviço em dez Estados, afirma o Ministério Público.

A base legal e o modelo do programa que seria usado são os mesmos da Controlar, que faz a inspeção veicular em São Paulo e agora é alvo de processo na Justiça -a Promotoria paulista acusa a empresa e o prefeito da capital, Gilberto Kassab (PSD), de uma série de irregularidades.

A Controlar repassou ao consórcio potiguar, o Inspar, toda a sua tecnologia. Telefonemas e troca de mensagens gravadas com autorização judicial revelaram o acordo entre os empresários paulistas e os do Rio Grande do Norte.

As interceptações mostraram também que já estavam em curso negociações para a implantação do serviço em Alagoas, Paraíba e Ceará.

Os procuradores não revelaram os nomes dos outros Estados onde o consórcio pretendia implantar o projeto.

CAMPANHAS

A Promotoria do Patrimônio Público de Natal, que investiga o caso, apura também eventual ligação entre essas negociações e doações de campanha feitas em Estados de interesse do grupo.

Os promotores identificaram R$ 494.249 depositados por empresas ligadas a esses empresários na campanha à reeleição do ex-governador da Paraíba José Maranhão (PMDB), derrotado por Ricardo Coutinho (PSB).

A investigação também descobriu um contrato, de 31 de maio de 2010, em que o advogado George Anderson Olimpio da Silveira, suposto líder do esquema potiguar e um dos sócios da Inspar, empresta

R$ 140 mil para uma construtora, a Delphy, do seu ex-cunhado, Eduardo Patrício.

Meses depois, a Delphy doa R$ 140 mil -o mesmo valor do empréstimo- para a campanha ao Senado da ex-governadora Wilma de Faria (PSB), uma das investigadas por suspeita de envolvimento no escândalo da inspeção.

Ou seja, o Ministério Público desconfia que essa tenha sido uma maneira de a Inspar maquiar doações de campanha a agentes públicos.

CONSEQUÊNCIAS

A suposta fraude na inspeção veicular no Rio Grande do Norte já resultou na prisão de 13 pessoas, entre elas o suplente do senador Agripino Maia (DEM-RN), João Faustino (PSDB), subchefe da Casa Civil durante o governo de José Serra, em São Paulo.

Em São Paulo, Kassab, seu secretário do Verde e do Meio Ambiente, Eduardo Jorge, empresários da Controlar tiveram seus bens bloqueados.

O contrato da inspeção veicular paulistana foi assinado em 1996 pela gestão Paulo Maluf e ressuscitado por Kassab em 2007, apesar dos alertas de membros da administração sobre os problemas que isso traria.

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