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Condôminos levam multas por parar em vagas alheias

Morador falsifica até identificação de carro

DE SÃO PAULO

Na semana passada, reunião sobre garagens em um prédio de 134 apartamentos no Tatuapé, na zona leste, durou três horas e meia de muita confusão. O tema que consumiu mais energia entre os condôminos não poderia ser outro: garagem.

Segundo síndicos e administradoras de condomínios ouvidos pela Folha, esse é o assunto mais popular. Ele é o único que consegue atrair um quórum de quase 100% nas assembleias realizadas nos prédios paulistanos.

As reuniões que discutem sorteio de vagas são as que demandam mais tempo de discussão. E, muitas vezes, acabam em bate-boca.

No prédio do Tatuapé, cada um dos moradores tem direito a uma vaga, mas, para estacionar dois carros, teve caso de gente que chegou a clonar o crachá de identificação do carro.

Já aconteceu algumas vezes de um morador chegar mais tarde e, sem encontrar vaga livre, parar no meio da entrada, obstruindo a circulação, num gesto de irritação.

BATE-BOCA

"As discussões entre moradores pelo uso da garagem são cada vez mais frequentes, principalmente em condomínios onde as vagas não são demarcadas", diz Ana Paula Puertas, sócia-diretora do Grupo Light Administração de condomínios, que administra o prédio e outros 148 espalhados por São Paulo.

Naquele prédio, o mau uso da garagem rende ao menos 30 advertências por mês. Em outubro, por exemplo, sete moradores foram multados.

Geralmente o perfil do infrator é parecido com o do briguento no trânsito: homem, jovem e solteiro. Um desses, morador de Moema, chegou a receber três multas do prédio, a última de R$ 1.500, após várias advertências por parar na vaga do vizinho.

O condomínio dele tem mais de cem unidades, o que é um agravante a mais para os conflitos entre moradores.

"Em condomínio de menor tamanho há maior convivência e o bom senso acaba prevalecendo", explica Daniel Santos, gerente da Lello que já participou de cerca de 300 reuniões de condomínio -a empresa tem uma carteira de 1.180 edifícios em São Paulo.

É o que acontece em um edifício de Higienópolis (região central de São Paulo), com 24 andares, que Eugênia Tonidandel, 45, administra.

Ele tem 36 vagas, mas nem todos possuem carro, então os vizinhos alugam as vagas para aqueles que precisam. "Tento resolver bem politicamente", explica a administradora. "O condomínio é pequeno, e as pessoas se dão muito bem. São moradores antigos", conta Tonidandel.

Já em prédios imensos, como aquele de alto-luxo da Pompeia, com 700 moradores, nem a área de convivência com restaurante-bar, piscina, ofurô e lan house seria suficiente para conter os ânimos de quem precisasse sair e tivesse o espaço de manobra bloqueado pelo vizinho.

"Era um caos", lembra o síndico, Wilson Favieri Filho, 59. "Garagem é um problema em qualquer condomínio. Mas nos maiores é impossível ter espaço para todo mundo. Manobrista era a única solução", defende.

FOLHA.com
Leia análise do arquiteto Kazuo Nakano na
www.folha.com/no1015982

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