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Angel Nolberto San Martín Araya (1938-2011) Pintor chileno radicado no Brasil ESTÊVÃO BERTONIDE SÃO PAULO Em seu próprio país, Angel Nolberto San Martín Araya foi proibido de trabalhar. Artista plástico e professor universitário, perdeu o cargo e teve de responder a um inquérito militar por seu envolvimento com grupos de esquerda. No começo, acreditou que a ditadura de Pinochet fosse durar pouco. Por isso, preferiu vir ao Brasil por causa da proximidade e descartou as propostas para ir morar na Europa, EUA e Austrália. Nascido em Copiapó, cresceu na cidade de Antofagasta, onde começou como professor primário. Depois de se casar, mudou-se para Santiago. Formou-se em 1969, na Universidade do Chile. Deu aulas na instituição e na Universidade Católica, de 1970 a 1975. Mas aí veio a exoneração. Com três filhos, uma carta de recomendação e algumas telas premiadas debaixo do braço, foi recebido em 1977 pela Pastoral do Imigrante em São Paulo. Na capital paulista, retomou a vida. Foi professor palestrante da Faap e PUC e trabalhou na galeria Espade. Depois, montou o próprio ateliê onde lecionou e se dedicou à pintura e à escultura. A língua não foi uma barreira. Acabou escrevendo em português quatro livros (três romances e um de poesia). Por achar que não tinha mais espaço no Chile, ficou em São Paulo. Em seu país, recebeu a Ordem ao Mérito Docente e Cultural Gabriela Mistral. Brincava que os últimos homens de esquerda eram ele, Niemeyer e Fidel Castro. Fumante inveterado, lutava contra o terceiro câncer de pulmão. Morreu na quinta-feira (24), aos 73 anos. Teve cinco netos e uma bisneta, nascida há um mês. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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