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Com moradores, arquitetas mudam a cara das favelas Mineira e suíça coordenam projetos urbanísticos da Prefeitura de São Paulo para reformular espaços O trabalho de Fabienne é pensar em como eles serão no futuro e o de Teresa, cuidar para que medidas saiam do papel EVANDRO SPINELLIDE SÃO PAULO Uma é mineira com mestrado em gestão das águas na prestigiada universidade Sorbonne, na França. A outra é suíça, já trabalhou na Holanda, na Alemanha e na Espanha, onde integrou a equipe do cultuado escritório Herzog & De Meuron. Arquitetas com currículos invejáveis, as duas são os rostos por trás da mudança de cara das favelas paulistanas. A brasileira Maria Teresa Diniz veio antes. No começo de 2005, com 25 anos, seu currículo chegou, por meio de amigos, à Sehab (Secretaria Municipal da Habitação), da Prefeitura de São Paulo. Foi assim que ela começou a coordenar os projetos da prefeitura na favela de Paraisópolis, a segunda maior da cidade, com 50% de rede de água e 16% de coleta de esgoto. Hoje, há água legalizada para 85% dos moradores e esgoto para 75% deles. Enquanto se embrenha pelas vielas da favela, dá ordens aos engenheiros das empreiteiras sobre o que fazer, quais são as prioridades e os prazos a cumprir. Em um ponto, explica como quer a calçada. Em outro, manda retirar o entulho de imóveis demolidos sobre um córrego. Mas nada do que faz sai apenas da sua cabeça. Tudo é debatido com a comunidade. "Os moradores dizem o que querem e o que não querem e nós vamos ajustando." "Eu vi Paraisópolis se transformar", diz, orgulhosa do trabalho de sete anos. Agora, além de amassar barro sob sol (do qual se protege com óculos Dolce & Gabanna) ou sob chuva nas vielas de Paraisópolis, ela coordena os trabalhos dos 52 escritórios de arquitetura brasileiros e estrangeiros que fazem projetos de transformação das favelas paulistanas que atingem 174 mil famílias. PESSOAS Já Fabienne Houelzel foi chamada para fazer um projeto urbanístico para a região chamada Gleba São Francisco, no distrito de São Rafael, no extremo leste da cidade, onde moram 50 mil pessoas. Fez mais nesses dois anos em São Paulo: criou uma equipe de urbanismo na Sehab, que hoje faz projetos para outras duas áreas -Paraisópolis e Cabuçu de Cima (zona norte)- e começa em janeiro a projetar mais duas. Nunca havia trabalhado com favelas. Hoje, conhece cada pedacinho das áreas que projeta. E não se acanha na discussão com os líderes comunitários. "As pessoas brigam. Mas é assim mesmo, o bairro é construído pelas pessoas", diz, num bom português. Ao redor da maquete do projeto no São Francisco, explica cada detalhe do que será feito e do que não será feito porque a comunidade não quis. Como a remoção do campo do 1º de Maio. Ela explica a principal diferença entre o Brasil e a Europa, onde havia trabalhado: "na Europa, o planejamento vem primeiro, depois vem a infraestrutura e só depois vêm as pessoas. Aqui, primeiro vêm as pessoas". O trabalho de Fabienne é pensar em como serão as favelas em 20, 30 anos. O de Maria Teresa é cuidar para que isso não fique no papel. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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