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Campeão olímpico búlgaro diz que está preso 'como um animal'

Atleta foi pego em Cumbica com 9 kg de cocaína em 25 de outubro

ARTUR RODRIGUES
JOSMAR JOZINO
DO “AGORA”

Celebridade em seu país, o campeão olímpico búlgaro de levantamento de peso Galabin Boevski, 36, vive a rotina de um presidiário comum no Brasil desde que foi preso por tráfico internacional de drogas em 25 de outubro.

Último a chegar à cela que divide com outros dez estrangeiros na Penitenciária de Itaí (292 km de SP), ele passa as noites dormindo no chão, ao lado do vaso sanitário, e pensando na mulher e nos três filhos, que estão na Bulgária.

Vestindo a calça bege de presidiário, Boevski garantiu ser rico o suficiente para não precisar traficar. Porém, jornais búlgaros afirmam que, apesar de ser dono das duas maiores academias de ginástica do país, o atleta tem dívidas milionárias.

"Não é normal estar aqui como um animal. Mas minha mente é preparada para tudo, sou um campeão olímpico. O problema é estar aqui e ser inocente", diz, revezando entre o búlgaro traduzido por um compatriota colega de cela e o inglês.

Nove quilos de cocaína foram detectados pelo raio-X do aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (Grande SP), no forro de três malas do atleta.

Ele viajava com a filha, a tenista Sarah Boevski, 15, que disputara um campeonato em Itajaí, Santa Catarina.

"Quando a polícia chegou, achei que fosse blitz de rotina. Não sabia de nada, minha filha chorou." A adolescente já está na Bulgária.

Ele diz que comprou as malas em um shopping paulista -cujo nome não se recorda. "Não sei como a droga foi parar lá [na bagagem]."

Boevski conheceu o mundo, mas essa foi primeira viagem ao Brasil. "Só sabia duas coisas: que a presidente Dilma era [de origem] búlgara e que a economia crescia rápido." Agora, diz-se decepcionado. Ele poderá ficar preso no país de 3 a 15 anos, se for condenado.

SONHO

"No meu país, todos sabem quem sou. Aqui, sou visto como criminoso, mas tenho que pensar positivo para não enlouquecer", afirma.

A visita da mulher melhorou seu ânimo, mas o ócio não ajuda. Sem sentença, ele não pode trabalhar na cadeia. "Não faço nada, não há como treinar. Só penso. Pensamos demais aqui", reclama.

Sem competir desde 2003, quando sofreu suspensão por doping -que chegou ao fim neste ano-, o atleta sonha alto. "Se puder sair daqui até o Natal, me tornarei campeão olímpico em Londres. Só preciso de oito meses para treinar e vencer", afirma.

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