Índice geral Cotidiano
Cotidiano
Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Sem tiros, megaoperação no Rio retoma Rocinha e Vidigal

Ação com 3.000 homens ocupou as favelas, dominadas por tráfico havia 30 anos

Resistência de traficantes se limitou a óleo nas ruas e barricadas para atrapalhar acesso

DIANA BRITO
MARCO ANTÔNIO MARTINS
DO RIO
ROGÉRIO PAGNAN
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
Felipe Dana/Associated Press
Policial acaricia criança na Rocinha
Policial acaricia criança na Rocinha

Anunciada há um ano, arquitetada durante 30 dias e concretizada em duas horas, sem um único disparo.
Foi assim que as forças de segurança do Rio conseguiram retomar ontem o controle de duas de suas principais favelas, a Rocinha e o Vidigal, dominadas pelo tráfico há mais de 30 anos, além de outra, menor, a Chácara do Céu.
A operação, com 3.000 homens, ocorre um ano após a do complexo do Alemão e da Vila Cruzeiro, quando a polícia apelou para o improviso e registrou ao menos duas mortes, entre as quais a de um inocente que entregava o convite do primeiro aniversário do filho.
Ontem foi diferente. Não houve reação do tráfico. A ação já havia sido anunciada dez dias antes. A maior resistência foi o óleo que traficantes derramaram nos acessos para atrapalhar a subida de veículos, além de barricadas.
Também influenciou o tamanho da ADA (Amigo dos Amigos). A facção da qual Antônio Bonfim Lopes, o Nem, faz parte é menor em poder que o CV (Comando Vermelho), diz o secretário José Mariano Beltrame (Segurança). "A ADA tem duas ou três áreas. O CV tinha toda a zona sul. Fica mais fácil para a inteligência agir."
A ação do Estado começou há 15 dias com barreiras nas estradas até Macaé, no norte do Estado, onde há favelas sob domínio da ADA, e com operações em comunidades que poderiam abrigar traficantes.
"Houve então o desespero. Basta ver como Nem foi preso", diz o subsecretário operacional, Roberto Sá. Ao ser detido, na quinta, Nem estava no porta-malas de um carro. A maioria de seus comparsas fugiu antes da chegada da polícia.
Ontem, até a incursão nas favelas foi diferente.
Na invasão do Alemão não faltaram denúncias de que policiais roubaram armas. Um sargento foi flagrado roubando uma casa. Desta vez, o comando proibiu que os policiais entrassem com mochilas. Homens do Bope e do Batalhão de Choque foram acompanhados pela Corregedoria.
As comemorações foram comedidas. O hasteamento das bandeiras do Brasil e do Rio pareceu protocolar. O mais vibrante era o governador Sérgio Cabral, para quem o dia foi "histórico". "Eram pessoas que precisam de paz, que precisam criar os filhos em paz."
A operação faz parte dos planos do governo para a 19ª UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) e de ter toda a cidade sem áreas dominadas pelo tráfico até 2014, ano da Copa.
"Estamos mudando um paradigma e libertando essas comunidades do jugo do tráfico", disse Beltrame.

Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.