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Análise

Será que o Rio vai aprender a integrar sua favela à cidade?

SILVIA RAMOS
ESPECIAL PARA A FOLHA

A retomada da Rocinha e do Vidigal, sem resistência dos criminosos que controlavam essas áreas e precedida da prisão do chefe do tráfico, não deveria nos deixar esquecer que as grandes dificuldades começarão agora.
A Rocinha é favela mítica do Rio, tantas vezes referida na cidade como "a maior da América Latina", num misto de orgulho e temor. Foi lá que o boom da cocaína nos anos 1980 mudou a história das favelas e do próprio Rio.
Com o tempo, o tráfico ali se configurou como grande empresa, que faz circular milhões de reais por ano. A quebra do "empreendimento" vai afetar toda a região e provocar um vazio econômico que precisa ser substituído por atividades produtivas.
Além disso, será necessário criar alternativas de emprego e estudo para centenas de jovens e adolescentes que não têm passagens pela policia, mas orbitavam econômica e simbolicamente em torno dos negócios da droga.
O traficante Nem era conhecido pelo "trabalho social". Será preciso identificar essas famílias, registrá-las e incluí-las no Bolsa Família e noutros programas. A agilidade das secretarias de Assistência Social será testada.
Na Rocinha e no Vidigal, a UPP Social terá seu grande desafio: mobilizar moradores e lideranças jovens para definirem prioridades e dialogarem com o Estado, sem que a polícia seja o único interlocutor.
E principalmente a Rocinha lembra ao Rio que as favelas não são só "problemas do governo". Lá será preciso que o setor empresarial e a sociedade entrem com negócios e parcerias para integrar a favela à cidade. Será que o Rio vai aprender a fazer isso?
SILVIA RAMOS é cientista social e coordena o Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Candido Mendes

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