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Secretário quer ajuda de chefe do tráfico

Para José Mariano Beltrame, Nem deveria receber pena reduzida em troca de informações sobre policiais corruptos

'Acho importante que

ele fale', diz; benefício, chamado de delação premiada, depende de decisão da Justiça

DO RIO
Apu Gomes/Folhapress
Moradora é observada por policiais do Bope em beco na favela da Rocinha, no Rio
Moradora é observada por policiais do Bope em beco na favela da Rocinha, no Rio

Um dia após a ocupação das favelas da Rocinha, do Vidigal e da Chácara do Céu (zona sul do Rio), o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, defendeu "uma medida judicial" para o traficante Antônio Bonfim Lopes, o Nem, a fim de obter informações sobre a atuação de policiais e a arquitetura do tráfico na região.
Preso ao tentar fugir antes da ocupação, Nem era chefe do tráfico na favela desde 2005. É acusado por crimes de tráfico de entorpecentes, lavagem de dinheiro, homicídios, sequestro e cárcere privado e porte ilegal de arma.
"Seria uma oportunidade importantíssima o oferecimento de uma medida judicial para que o Nem contribua com a Justiça e com a polícia", disse ontem Beltrame ao "Bom Dia Brasil", da TV Globo.
"Qualquer tipo de palavra ou assunto que esteja no depoimento será minuciosamente estudado."
Numa rede social, ele esclareceu à Folha que só a Justiça pode conceder a delação premiada, mas a defendeu.
"Qualquer tipo de benefício a um preso depende de uma decisão judicial. Mais na frente, nós podemos encaminhar essa solicitação", disse.
"Acho importante que ele fale, que ajude a sociedade a desvendar uma série de crimes relativos a agentes públicos ou ao próprio tráfico."
Há informações de que policiais colaboravam com Nem, explicou. "Tanto a Subsecretaria de Inteligência quanto a inteligência das polícias procuram e acompanham no sentido de prender essas pessoas."
O secretário acredita que Nem "tem conhecimento não só da arquitetura do tráfico, mas do assédio que em tese teria no que diz respeito à corrupção", disse à GloboNews.
Ele também afirmou que neste ano não deve mais haver ocupações. Na tarde de ontem, respondeu a perguntas de internautas numa rede social. A seguir os principais pontos:

AVISO DAS OPERAÇÕES
"Nossa ideia é de preservação da vida. Quantas pessoas inocentes derramaram seu sangue por causa de uma ação policial e da inconformidade dos bandidos? Se é proposta de paz, preferimos avisar."

AJUDA DA POPULAÇÃO
"A operação toda de inteligência já passou. Agora que a polícia está no terreno, ela precisa da participação das pessoas. Toda denúncia é imediatamente passada para as equipes de plantão."

UPP
"Não se pode fazer UPP [Unidade de Polícia Pacificadora] em todo Estado ao mesmo tempo. A gente tem que ter um plano e criar condições para esse plano. Levamos quase dois anos para implantar a primeira. Mas o que posso dizer é que vamos chegar ao interior e à Baixada. São 40 grandes complexos de favelas que serão atendidos."

(LUIZA SOUTO)

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