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Análise

Por aceitação, jovem adota uma marca que o iguala ao grupo

LAÍS FONTENELLE PEREIRA
ESPECIAL PARA A FOLHA

No fim dos anos 90, uma banda pop americana chamada LFO estourou com o hit "Summer Girls", que tinha a seguinte frase: "Nós gostamos de garotas que usam Abercrombie and Fitch".
Naquele tempo, o refrão não fazia sentido para jovens brasileiros. Hoje a realidade é outra e a marca funciona como ingresso social.
Sabe-se que a adolescência é uma fase de muitos questionamentos para a formação da identidade.
Nesse momento, o grupo social tem um enorme valor para os jovens, que desejam ser aceitos e reconhecidos.
E na sociedade de consumo, esse reconhecimento vem muito mais pelo que eles têm do que pelo que são.
A moda pode ser uma forma de expressão positiva, um jeito de nos diferenciar. Mas, com o boom das marcas, o que tem acontecido é uma massificação de gostos que acaba muitas vezes sufocando as sutilezas das subjetividades. O jovem adota uma marca que o iguala ao grupo. Por fim, acaba por anular a sua própria identidade.
Fica a reflexão: até quando vamos deixar o poder das marcas invadir, disfarçadamente, o cotidiano dos jovens para ditar regras de socialização sem pensar no impacto individual e social que isso gera?

Laís Fontenelle Pereira é mestre em psicologia clínica e coordenadora de Educação do Projeto Criança e Consumo

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