São Paulo, quinta-feira, 01 de janeiro de 2009

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Kassab assume com uma promessa para cada 36 h da 2ª gestão

Na campanha eleitoral, prefeito assumiu o compromisso de entregar 953 obras e projetos em 1.461 dias de mandato

Na lista de promessas constam 500 creches, 80 escolas, 50 unidades de atendimento odontológico e três hospitais, entre outros

EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A partir de hoje, quando assume o segundo mandato, Gilberto Kassab (DEM) terá 1.461 dias para administrar São Paulo. Para cumprir integralmente as promessas listadas em seu programa de governo de 108 páginas, terá de entregar uma obra ou projeto a cada um dia e meio (36 h), um total de 953 inaugurações em quatro anos.
Da lista de Kassab constam obras como 500 creches, 80 escolas de educação infantil, 50 unidades de atendimento odontológico, três hospitais, dois corredores e oito terminais de ônibus e 34 parques.
O prefeito -que toma posse em cerimônia às 15 h na Câmara e participa de solenidade no Edifício Matarazzo às 16h30 - prometeu também um site para dar transparência às informações sobre saúde, o cadastro oficial de catadores de lixo e incentivos fiscais para o desenvolvimento da zona leste.
Muitos dos itens do programa são vagos em prazos e metas numéricas. Exemplos: "expandir o programa de ciclovias" e "ampliar os cruzamentos com semáforos inteligentes".
Ao concluir o mandato herdado de José Serra (PSDB), Kassab deixou de cumprir 54% das promessas feitas em 2004, como a Folha publicou ontem.
Especialistas preveem mais dificuldades para o novo mandato por causa da crise de crédito internacional que causará impacto na arrecadação da prefeitura. Nos últimos quatro anos, a receita só aumentou.
O cientista político Carlos Melo, do Ibmec-SP, por exemplo, é taxativo ao avaliar as promessas de Kassab: "Não vai cumprir. Há um exagero de promessas que estão fadadas a não serem feitas". E diz que a crise mundial será a desculpa.
Kassab defende que seus projetos são viáveis. "Nossos compromissos [ele não fala em promessas] foram feitos com muito cuidado para que pudessem ter credibilidade. É a essência da democracia."

R$ 5,9 bilhões
Para que Kassab cumpra integralmente seu programa, a prefeitura terá que gastar R$ 5,9 bilhões até 2012 em investimentos. O valor é significativo, mas cabe no Orçamento de R$ 27,5 bilhões/ano (ou mais de R$ 100 bilhões no mandato).
Só que a conta trata só das propostas "quantificáveis". O custo de itens genéricos como "restringir a circulação de veículos poluidores" não foi computado. Além disso, não basta ter dinheiro, é preciso superar complicações burocráticas.
Um exemplo é a promessa de zerar o déficit de creches. O governo admite falta de 80 mil vagas. Uma creche-padrão abriga 160 crianças. Serão necessárias, portanto, 500 creches.
A prefeitura diz que a maior parte das vagas pode ser aberta em parceria com a iniciativa privada, com menos desembolso do governo. Mesmo assim, não é tão simples. Kassab já prometeu criar vagas por meio de PPPs (parcerias público-privadas), mas o projeto anda lentamente. Há dificuldades como falta de áreas para construção e a burocracia para habilitação das entidades parceiras.
A maior despesa entre as promessas é a inspeção veicular de toda a frota da cidade. No Orçamento de 2009 há apenas R$ 30 milhões reservados, dinheiro insuficiente. Na semana passada, o prefeito já definiu que só veículos fabricados após 2002 terão de fazer a inspeção.
Para cada veículo, o custo para a prefeitura é de R$ 52 (o proprietário paga e a prefeitura reembolsa). São 6 milhões de carros na frota. Se todos fizerem a inspeção, o gasto será de R$ 1,2 bilhão em quatro anos.
Já os três hospitais prometidos custam menos: entre construção e equipamentos, R$ 120 milhões, menos do que, por exemplo, os R$ 600 milhões que a prefeitura gastará só neste ano para manter a tarifa de ônibus nos atuais R$ 2,30 (Kassab também prometeu não aumentar a tarifa em 2009).


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