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Kassab assume com uma promessa para cada 36 h da 2ª gestão
Na campanha eleitoral, prefeito assumiu o compromisso de entregar 953 obras e projetos em 1.461 dias de mandato
Na lista de promessas constam 500 creches, 80 escolas, 50 unidades de atendimento odontológico e três hospitais, entre outros
EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A partir de hoje, quando assume o segundo mandato, Gilberto Kassab (DEM) terá 1.461
dias para administrar São Paulo. Para cumprir integralmente
as promessas listadas em seu
programa de governo de 108
páginas, terá de entregar uma
obra ou projeto a cada um dia e
meio (36 h), um total de 953
inaugurações em quatro anos.
Da lista de Kassab constam
obras como 500 creches, 80 escolas de educação infantil, 50
unidades de atendimento
odontológico, três hospitais,
dois corredores e oito terminais de ônibus e 34 parques.
O prefeito -que toma posse
em cerimônia às 15 h na Câmara e participa de solenidade no
Edifício Matarazzo às 16h30 -
prometeu também um site para dar transparência às informações sobre saúde, o cadastro
oficial de catadores de lixo e incentivos fiscais para o desenvolvimento da zona leste.
Muitos dos itens do programa são vagos em prazos e metas numéricas. Exemplos: "expandir o programa de ciclovias"
e "ampliar os cruzamentos com
semáforos inteligentes".
Ao concluir o mandato herdado de José Serra (PSDB),
Kassab deixou de cumprir 54%
das promessas feitas em 2004,
como a Folha publicou ontem.
Especialistas preveem mais
dificuldades para o novo mandato por causa da crise de crédito internacional que causará
impacto na arrecadação da prefeitura. Nos últimos quatro
anos, a receita só aumentou.
O cientista político Carlos
Melo, do Ibmec-SP, por exemplo, é taxativo ao avaliar as promessas de Kassab: "Não vai
cumprir. Há um exagero de
promessas que estão fadadas a
não serem feitas". E diz que a
crise mundial será a desculpa.
Kassab defende que seus
projetos são viáveis. "Nossos
compromissos [ele não fala em
promessas] foram feitos com
muito cuidado para que pudessem ter credibilidade. É a essência da democracia."
R$ 5,9 bilhões
Para que Kassab cumpra integralmente seu programa, a
prefeitura terá que gastar R$
5,9 bilhões até 2012 em investimentos. O valor é significativo,
mas cabe no Orçamento de R$
27,5 bilhões/ano (ou mais de
R$ 100 bilhões no mandato).
Só que a conta trata só das
propostas "quantificáveis". O
custo de itens genéricos como
"restringir a circulação de veículos poluidores" não foi computado. Além disso, não basta
ter dinheiro, é preciso superar
complicações burocráticas.
Um exemplo é a promessa de
zerar o déficit de creches. O governo admite falta de 80 mil vagas. Uma creche-padrão abriga
160 crianças. Serão necessárias, portanto, 500 creches.
A prefeitura diz que a maior
parte das vagas pode ser aberta
em parceria com a iniciativa
privada, com menos desembolso do governo. Mesmo assim,
não é tão simples. Kassab já
prometeu criar vagas por meio
de PPPs (parcerias público-privadas), mas o projeto anda lentamente. Há dificuldades como
falta de áreas para construção e
a burocracia para habilitação
das entidades parceiras.
A maior despesa entre as
promessas é a inspeção veicular de toda a frota da cidade. No
Orçamento de 2009 há apenas
R$ 30 milhões reservados, dinheiro insuficiente. Na semana
passada, o prefeito já definiu
que só veículos fabricados após
2002 terão de fazer a inspeção.
Para cada veículo, o custo para a prefeitura é de R$ 52 (o
proprietário paga e a prefeitura
reembolsa). São 6 milhões de
carros na frota. Se todos fizerem a inspeção, o gasto será de
R$ 1,2 bilhão em quatro anos.
Já os três hospitais prometidos custam menos: entre construção e equipamentos, R$ 120
milhões, menos do que, por
exemplo, os R$ 600 milhões
que a prefeitura gastará só neste ano para manter a tarifa de
ônibus nos atuais R$ 2,30 (Kassab também prometeu não aumentar a tarifa em 2009).
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