São Paulo, sexta-feira, 01 de janeiro de 2010

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Chuvas matam 19 antes do Réveillon no Rio

O caso mais grave foi registrado em Jacarepaguá (zona oeste do Rio), onde cinco pessoas da mesma família morreram soterradas

"A gente está triste, mas o Rio é uma cidade de celebração e vai realizar uma grande festa, com ou sem chuva", disse o prefeito Eduardo Paes

Jadson Marques/Agência O Globo
Morador é resgatado por bombeiros na região de Campo Grande, zona oeste do Rio; chuva deixou a cidade em estado de alerta

JOÃO PEQUENO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, NO RIO
DIANA BRITO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA ONLINE, NO RIO

Pelo menos 19 pessoas (sete com até 12 anos) morreram entre quarta-feira e ontem devido às chuvas na região metropolitana do Rio de Janeiro, de acordo com a Defesa Civil estadual e a Prefeitura do Rio.
Até o fechamento desta edição, foram dez vítimas confirmadas na capital -todas em locais onde a prefeitura não previra risco de deslizamento-, sete na Baixada Fluminense e duas em Niterói.
O caso mais grave foi registrado em Jacarepaguá (zona oeste), onde cinco pessoas da mesma família morreram soterradas em um deslizamento.
As vítimas foram o casal Elisa Marinho Ribeiro da Silva, 38, e Vladimir (sobrenome não confirmado) e o filho deles, João Pedro, 2, além de Elisângela Ribeiro Marinho, 22, e Isabela Ribeiro Marinho, 18, filhas do casamento anterior de Elisa.
No Tanque, em Jacarepaguá, choveu em um dia 114,6 mm, um terço do total do mês. O prefeito Eduardo Paes (PMDB) esteve pela manhã no bairro.
Ele afirmou que a cidade entrou em estado de alerta, mas que isso não afetaria a festa da virada do ano, ontem à noite: "A gente está triste, mas o Rio é uma cidade de celebração e vai realizar uma grande festa, com chuva ou sem chuva".
Outras pessoas morreram em um raio de um quilômetro, entre Vaz Lobo e Irajá, na zona norte, onde a água em 24 horas equivaleu à chuva de 13 dias.
Em Vaz Lobo, o casal Fabrício Gonçalves, 32, e Bruna Luzia Oliveira, 26, foi soterrado em casa. Em Irajá, a vítima foi Cassiane Guedes da Silva, 10.
Em Quintino, Mariana, 3, foi resgatada com vida, mas ficou órfã. A mãe dela, Diana, foi retirada já sem vida dos escombros da casa e o pai, Mário Jorge Moraes, morreu à tarde no hospital. Até as 18h, o estado de Mariana -internada com fratura no fêmur da perna esquerda- era considerado grave.
A prefeitura interditou 40 casas em Quintino e Praça Seca e disse que as áreas não eram consideradas de risco por não terem histórico de deslizamento.
Em Magé, na Baixada Fluminense, duas pessoas morreram. Jéssica Souza Martins, 12, foi soterrada em um deslizamento. Joaquim Camilo Pereira morreu afogado em sua casa, alagada pela chuva.
Em Duque de Caxias, também na Baixada, David Luciano da Silva, 5, morreu soterrado em casa, na madrugada. Os pais do menino foram resgatados vivos. A cidade foi a que registrou o maior número de pontos de alagamento (72), além de 45 deslizamentos de terra.
Mais quatro pessoas morreram na Baixada. Em Belford Roxo, uma criança de apenas três dias e a mãe dela, de 17 anos, foram soterradas em casa. Em São João de Meriti, foram duas vítimas, uma delas identificada como Hamilton, 56, cuja casa desabou.
Em Niterói, as vítimas foram as irmãs, Ludmila, 3, Helen Mendonça, 12, soterradas em casa. A mãe e a irmã mais velha das meninas sobreviveram. As chuvas ainda deixaram ao menos oito feridos, 12 desabrigados e 544 desalojados, segundo a Defesa Civil.

Falta de luz
Segundo o Inmet, ainda chove hoje, embora o sol deva aparecer, e o tempo deve começar a melhorar no sábado. Conforme o meteorologista Almerindo Marinho, as chuvas foram causadas pela combinação de baixa pressão atmosférica com massas de alta umidade, vindas da Amazônia e do mar.
No Rio, houve falta de luz em vários bairros, e o risco de desabamento interditou muitas vias. Em Copacabana, uma árvore caiu. Em Niterói, houve adiamento de festa pública.


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