São Paulo, sexta-feira, 01 de fevereiro de 2008

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Oficiais do Rio recuam; 10 são exonerados

Movimento agora prioriza negociação salarial, sem exigir a demissão do secretário de Segurança e a volta do ex-comandante da PM

Foram transferidos 9 coronéis e 1 tenente-coronel dos 46 oficiais que haviam pedido afastamento de seus cargos de chefia

MÁRCIA BRASIL
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Num dia marcado por recuo de oficiais que se opunham a sua posse, o novo comandante-geral da Polícia Militar do Rio, Gilson Pitta Lopes, exonerou ontem 10 de 46 oficiais que pediram afastamento de seus cargos de chefia. São sete coronéis do chamado Grupo dos Barbonos -referência ao antigo nome da rua Evaristo da Veiga, onde fica o quartel-general-, um tenente-coronel e mais dois coronéis. Todos foram transferidos para a Diretoria Geral de Pessoal -conhecida como "geladeira" ou "reserva técnica".
O grupo de oficiais mudou de tom e recuou em relação às exigências políticas. A prioridade dos militares de alta patente voltou a ser a negociação de salários, sem insistir na demissão do secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, ou na volta do comandante Ubiratan Ângelo -exonerado após manifestação de PMs, no domingo, pedindo reajuste salarial em rua vizinha à que mora o governador Sérgio Cabral.
O presidente da AME (Associação de Oficiais Militares do Estado), tenente-coronel reformado Dilson Anaide, entregou um documento ao subsecretário de Governo, Rodrigo Bethlem, solicitando a reabertura das negociações com Sérgio Cabral.
O ofício pede que os salários dos coronéis sejam equiparados aos dos delegados. O pedido de exoneração de Beltrame e o retorno de Ângelo ao cargo não constam na pauta, ao contrário do que diziam os líderes do movimento nos últimos dois dias.
A associação reafirma, porém, que Beltrame continua "persona non grata" e que vai usar as secretarias de Planejamento e Fazenda para a comunicação com o governo.
Beltrame afirmou que a crise na PM "acabou", após troca de comando e exoneração de oficiais em protesto. Ele disse que haverá "oxigenação" dos quadros da PM, com promoção de oficiais, e negou a possibilidade de militares do Exército assumirem funções na corporação.
No início da madrugada de ontem, 330 PMs acautelados no BEP (Batalhão Especial Prisional) entraram em greve de fome contra a exoneração de Ângelo. O coronel Fernando Príncipe, comandante do BEP, informou que os presos não aceitaram as refeições das 12h e das 18h -entre eles existem oficiais e policiais já condenados ou esperando julgamento.
Príncipe, que comandou o Bope (Batalhão de Operações Especiais), é um dos 45 oficiais que pediu exoneração ontem. Mas ainda não foi substituído.
Na posse do novo comandante, anteontem, pela primeira vez sem a presença da tropa e realizada no gabinete do quartel-general, 15 agentes do Bope, a tropa de elite da PM fluminense, foram enviados às pressas a fim de assegurar que não haveria confrontos. Com fuzis e a roupa negra de combate, permaneceram no pátio.
Outra tradição foi rompida na improvisada troca de comando: ao comandante que saiu não foi dada autorização para discursar.
O tratamento dispensado a Ângelo pelo governo estadual se deve ao apoio que o ex-comandante sempre deu ao Grupo dos Barbonos. Os coronéis do grupo eram da equipe de comando montada por Ângelo.


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