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Oficiais do Rio recuam; 10 são exonerados
Movimento agora prioriza negociação salarial, sem exigir a demissão do secretário de Segurança e a volta do ex-comandante da PM
Foram transferidos 9 coronéis e 1 tenente-coronel dos 46 oficiais que haviam pedido afastamento de
seus cargos de chefia
MÁRCIA BRASIL
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Num dia marcado por recuo
de oficiais que se opunham a
sua posse, o novo comandante-geral da Polícia Militar do Rio,
Gilson Pitta Lopes, exonerou
ontem 10 de 46 oficiais que pediram afastamento de seus cargos de chefia. São sete coronéis
do chamado Grupo dos Barbonos -referência ao antigo nome da rua Evaristo da Veiga,
onde fica o quartel-general-,
um tenente-coronel e mais dois
coronéis. Todos foram transferidos para a Diretoria Geral de
Pessoal -conhecida como "geladeira" ou "reserva técnica".
O grupo de oficiais mudou de
tom e recuou em relação às exigências políticas. A prioridade
dos militares de alta patente
voltou a ser a negociação de salários, sem insistir na demissão
do secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame,
ou na volta do comandante
Ubiratan Ângelo -exonerado
após manifestação de PMs, no
domingo, pedindo reajuste salarial em rua vizinha à que mora o governador Sérgio Cabral.
O presidente da AME (Associação de Oficiais Militares do
Estado), tenente-coronel reformado Dilson Anaide, entregou um documento ao subsecretário de Governo, Rodrigo
Bethlem, solicitando a reabertura das negociações com Sérgio Cabral.
O ofício pede que os salários
dos coronéis sejam equiparados aos dos delegados. O pedido
de exoneração de Beltrame e o
retorno de Ângelo ao cargo não
constam na pauta, ao contrário
do que diziam os líderes do movimento nos últimos dois dias.
A associação reafirma, porém, que Beltrame continua
"persona non grata" e que vai
usar as secretarias de Planejamento e Fazenda para a comunicação com o governo.
Beltrame afirmou que a crise
na PM "acabou", após troca de
comando e exoneração de oficiais em protesto. Ele disse que
haverá "oxigenação" dos quadros da PM, com promoção de
oficiais, e negou a possibilidade
de militares do Exército assumirem funções na corporação.
No início da madrugada de
ontem, 330 PMs acautelados
no BEP (Batalhão Especial Prisional) entraram em greve de
fome contra a exoneração de
Ângelo. O coronel Fernando
Príncipe, comandante do BEP,
informou que os presos não
aceitaram as refeições das 12h e
das 18h -entre eles existem
oficiais e policiais já condenados ou esperando julgamento.
Príncipe, que comandou o
Bope (Batalhão de Operações
Especiais), é um dos 45 oficiais
que pediu exoneração ontem.
Mas ainda não foi substituído.
Na posse do novo comandante, anteontem, pela primeira
vez sem a presença da tropa e
realizada no gabinete do quartel-general, 15 agentes do Bope,
a tropa de elite da PM fluminense, foram enviados às pressas a fim de assegurar que não
haveria confrontos. Com fuzis
e a roupa negra de combate,
permaneceram no pátio.
Outra tradição foi rompida
na improvisada troca de comando: ao comandante que
saiu não foi dada autorização
para discursar.
O tratamento dispensado a
Ângelo pelo governo estadual
se deve ao apoio que o ex-comandante sempre deu ao Grupo dos Barbonos. Os coronéis
do grupo eram da equipe de comando montada por Ângelo.
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