São Paulo, sexta-feira, 01 de fevereiro de 2008

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"Foi azar", diz jovem que se infectou em Goiás

RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL

A paulistana Mirella Augusta Menegon, 21, cogitou vacinar-se contra a febre amarela e usar repelente de insetos durante sua viagem de férias a Goiás. Ela não levou as idéias adiante e acabou infectada. Na época, havia apenas casos suspeitos da doença, nenhum confirmado.
Mirella está hoje na lista das 10 pessoas que nas últimas semanas conseguiram sobreviver à febre amarela no Brasil. Outras 11 morreram da doença.
"Até pensei na vacina, por causa das notícias sobre os macacos mortos. Mas, sabe como é, eu estava a passeio: um dia no clube, outro no parque. Para mim, estava tudo bem", ela contou à Folha ontem, em sua casa, na Freguesia do Ó (zona norte de São Paulo).
Mirella foi infectada em Caldas Novas, cidade goiana famosa pelas águas termais, para onde viajou com um grupo de amigos no dia seguinte ao Natal. Ela acredita ter sido picada por um mosquito durante uma caminhada no dia 5 de janeiro pelo Parque Estadual da Serra de Caldas Novas.
"Eu levava repelente de insetos, mas não usei porque não senti nenhuma picada. Não parecia necessário", lembra.
Quatro dias depois, ela amanheceu com febre de 40 graus, ânsia de vômito e fortes dores pelo corpo. "Parecia que tinha levado uma surra", conta.
Ficou dois dias internada num hospital da cidade. Os sintomas melhoraram, e os médicos a liberaram. No dia de voltar para São Paulo, porém, as dores e a febre apareceram de novo. Debilitada, Mirella passou dormindo praticamente todas as 14 horas da viagem de carro com os amigos.
Assim que chegou à cidade, foi levada diretamente para o Hospital do Tatuapé (zona leste). Passou quatro dias numa maca do pronto-socorro, a maior parte do tempo desacordada. "Achei que fosse perdê-la", diz a mãe, Selma Menegon.
Como os sintomas dessa vez não diminuíram, os médicos decidiram transferi-la para um quarto do hospital, onde passou nove dias. O diagnóstico de febre amarela só veio no dia 22, véspera da alta hospitalar.
Ainda se recuperando, ela agora faz repouso e evita comida com gordura, por causa dos danos que seu fígado sofreu. "Não culpo ninguém por eu ter ficado doente", diz. "Fui com um grupo de amigos ao parque, e a única picada pelo mosquito fui eu. Foi azar mesmo."
Mirella foi a segunda pessoa da cidade de São Paulo doente desde dezembro. A primeira foi uma mulher que havia estado em Mato Grosso do Sul.


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