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"Foi azar", diz jovem que se infectou em Goiás
RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL
A paulistana Mirella Augusta
Menegon, 21, cogitou vacinar-se contra a febre amarela e usar
repelente de insetos durante
sua viagem de férias a Goiás.
Ela não levou as idéias adiante
e acabou infectada. Na época,
havia apenas casos suspeitos da
doença, nenhum confirmado.
Mirella está hoje na lista das
10 pessoas que nas últimas semanas conseguiram sobreviver
à febre amarela no Brasil. Outras 11 morreram da doença.
"Até pensei na vacina, por
causa das notícias sobre os macacos mortos. Mas, sabe como
é, eu estava a passeio: um dia no
clube, outro no parque. Para
mim, estava tudo bem", ela
contou à Folha ontem, em sua
casa, na Freguesia do Ó (zona
norte de São Paulo).
Mirella foi infectada em Caldas Novas, cidade goiana famosa pelas águas termais, para onde viajou com um grupo de
amigos no dia seguinte ao Natal. Ela acredita ter sido picada
por um mosquito durante uma
caminhada no dia 5 de janeiro
pelo Parque Estadual da Serra
de Caldas Novas.
"Eu levava repelente de insetos, mas não usei porque não
senti nenhuma picada. Não parecia necessário", lembra.
Quatro dias depois, ela amanheceu com febre de 40 graus,
ânsia de vômito e fortes dores
pelo corpo. "Parecia que tinha
levado uma surra", conta.
Ficou dois dias internada
num hospital da cidade. Os sintomas melhoraram, e os médicos a liberaram. No dia de voltar para São Paulo, porém, as
dores e a febre apareceram de
novo. Debilitada, Mirella passou dormindo praticamente
todas as 14 horas da viagem de
carro com os amigos.
Assim que chegou à cidade,
foi levada diretamente para o
Hospital do Tatuapé (zona leste). Passou quatro dias numa
maca do pronto-socorro, a
maior parte do tempo desacordada. "Achei que fosse perdê-la", diz a mãe, Selma Menegon.
Como os sintomas dessa vez
não diminuíram, os médicos
decidiram transferi-la para um
quarto do hospital, onde passou nove dias. O diagnóstico de
febre amarela só veio no dia 22,
véspera da alta hospitalar.
Ainda se recuperando, ela
agora faz repouso e evita comida com gordura, por causa dos
danos que seu fígado sofreu.
"Não culpo ninguém por eu ter
ficado doente", diz. "Fui com
um grupo de amigos ao parque,
e a única picada pelo mosquito
fui eu. Foi azar mesmo."
Mirella foi a segunda pessoa
da cidade de São Paulo doente
desde dezembro. A primeira foi
uma mulher que havia estado
em Mato Grosso do Sul.
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