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José Bornancini, o design e o pratinho
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Quanta briga não houve
entre crianças do Brasil inteiro por aquele conjuntinho
de prato, copo e talher de aço
riscado com carinhas infantis -fetiche de infância de
uma geração no sul do país?
Na casa de José Carlos
Bornancini, o pai da criação,
os dois filhos tinham os seus
intocáveis, lá nos anos 1970.
Mas os cinco netos não tiveram sorte igual. Os dois conjuntos que sobraram "eram
disputados a tapa".
Gaúcho daqueles gaúchos
mais gaúchos de Caxias do
Sul, formou-se engenheiro
civil em Porto Alegre. "Mas
sempre desenhou que era
uma beleza", figuras com ricos detalhes e linhas. Acabou
na fábrica de fogão, "inovou e
foi um sucesso".
E veio o convite para trabalhar na fábrica da Zivi-Hércules. Foi lá que ele desenhou o famoso conjunto de
talheres infantis da linha
Hércules, que alegraram
uma geração inteira de crianças. E onde achou o parceiro
de profissão para a vida.
Em décadas ao lado de
Nelson Petzold, criou mais
de 200 produtos, de computador a elevador. Assim como os talheres Camping, entre os produtos da loja do
Museu de Arte Moderna de
Nova York.
Na casa de Bornancini, as
garrafas térmicas, as tesouras, "todas as facas", têm a assinatura dele. E dele são os
prêmios da Bienal Brasileira
de Design, o Lasar Segall Museu da Casa Brasileira e o
Moinho Santista -o mesmo
dado a Oscar Niemeyer.
Era ainda um "homem
muito ativo", pouco devendo
aos tempos em que matava
até 20 perdizes por vez -caçava "de passarinho a jacaré". Mas o coração doía. Tinha 85 anos quando morreu
no dia 25, de um infarto fulminante, em Porto Alegre.
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