São Paulo, sexta-feira, 01 de fevereiro de 2008

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José Bornancini, o design e o pratinho

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Quanta briga não houve entre crianças do Brasil inteiro por aquele conjuntinho de prato, copo e talher de aço riscado com carinhas infantis -fetiche de infância de uma geração no sul do país?
Na casa de José Carlos Bornancini, o pai da criação, os dois filhos tinham os seus intocáveis, lá nos anos 1970. Mas os cinco netos não tiveram sorte igual. Os dois conjuntos que sobraram "eram disputados a tapa".
Gaúcho daqueles gaúchos mais gaúchos de Caxias do Sul, formou-se engenheiro civil em Porto Alegre. "Mas sempre desenhou que era uma beleza", figuras com ricos detalhes e linhas. Acabou na fábrica de fogão, "inovou e foi um sucesso".
E veio o convite para trabalhar na fábrica da Zivi-Hércules. Foi lá que ele desenhou o famoso conjunto de talheres infantis da linha Hércules, que alegraram uma geração inteira de crianças. E onde achou o parceiro de profissão para a vida.
Em décadas ao lado de Nelson Petzold, criou mais de 200 produtos, de computador a elevador. Assim como os talheres Camping, entre os produtos da loja do Museu de Arte Moderna de Nova York.
Na casa de Bornancini, as garrafas térmicas, as tesouras, "todas as facas", têm a assinatura dele. E dele são os prêmios da Bienal Brasileira de Design, o Lasar Segall Museu da Casa Brasileira e o Moinho Santista -o mesmo dado a Oscar Niemeyer.
Era ainda um "homem muito ativo", pouco devendo aos tempos em que matava até 20 perdizes por vez -caçava "de passarinho a jacaré". Mas o coração doía. Tinha 85 anos quando morreu no dia 25, de um infarto fulminante, em Porto Alegre.


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