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São Paulo, sábado, 01 de março de 2003

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Para OAB, endurecimento é "marketing"

DA REPORTAGEM LOCAL

Para o presidente nacional da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Rubens Approbato Machado, a governadora do Rio, Rosinha Matheus, deveria pelo menos ter lido a Constituição antes de ter dado uma declaração sobre direitos humanos e criminosos. "É puro marketing para desfiar a atenção de suas próprias responsabilidades", definiu.
Segundo ele, é muito comum autoridades usarem frases de impacto em momentos de crise para tentar agradar a população.
"Querem dar a impressão que estão do lado do povo. Mas eles estariam realmente do lado do povo se não tivessem deixado a coisa chegar a esse ponto", afirmou o presidente da OAB.
As últimas declarações, segundo Approbato, fazem o Estado parecer um delinquente. "Essas afirmações são uma confissão pública de que eles não têm condições de resolver o problema que ajudaram a criar", disse.
As últimas declarações de autoridades do Rio também provocaram surpresa no presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Marco Aurélio de Mello. Para ele, a falha na política de segurança não justifica a pregação da barbárie por parte do Estado.
"Até mesmo os presos acusados ou condenados, por mais grave que seja o crime que tenham cometido, gozam de garantia constitucional referente à preservação da integridade física e moral", afirmou o ministro ontem.
Mello lembrou que, em nome de "certos valores", já foram praticadas muitas atrocidades. "Possível falha do sistema não é suficiente para autorizar a barbárie. Que o Estado recupere o tempo perdido sem merecer sentar-se no banco dos réus", afirmou.
Marcelo Freixo, pesquisador no Rio da ONG Centro de Justiça Global, classifica as últimas declarações das autoridades do Rio como "eleitoreiras" e de um "oportunismo barato". "Eles deveriam combater o inimigo número um dos direitos humanos: a corrupção. E onde estão as propostas nesse sentido?", questionou.
Para Vitória Grabois, da ONG Tortura Nunca Mais, "lugar de bandido é na cadeia, mas em condições dignas".


Colaborou a Sucursal do Rio


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