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Baleada na perna, mulher volta de ônibus para casa
Maria Erenildes, funcionária da Unifesp, foi uma vítimas de tiroteio na av. Ibirapuera
Mãe da jovem ferida em troca de tiros disse que soube do crime por um telefonema da filha, que foi operada horas depois
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
Seis horas depois de levar um
tiro na perna, e passar pelo
maior susto de seus 38 anos de
vida, Maria Erenildes de Jesus
Nascimento teve alta do hospital São Paulo, em Moema, e,
com ferimentos ainda sangrando "um pouquinho", ainda pegou um ônibus para voltar à sua
casa ontem à noite no Jardim
São Francisco, próximo à represa Guarapiranga, na zona
sul de São Paulo.
Funcionária da limpeza da
Unifesp, Maria Erenildes ainda
sentia dores e conversou com a
Folha pelo celular do marido
enquanto caminhava, mancando, em direção ao ponto.
Contrariando orientação
médica, ela foi obrigada a caminhar com a perna ferida. Depois de uma hora dentro do
ônibus, Maria Erenildes ainda
andou mais 15 minutos a pé,
tarde da noite, para chegar em
casa. "A perna está doendo,
mas minha família não tem carro. Fui mancando um pouquinho, parando um pouquinho.
Meu marido me ajudou."
Maria Erenildes estava em
pé dentro do ônibus ontem à
tarde, voltando do trabalho,
quando ouviu "uns barulhos de
explosão, de tiro". Não viu nada, mas logo sentiu a dor na
perna, que sangrava. "O tiro
veio bem em baixo. Tinha um
homem do meu lado que também estava sangrando", relata
ela, em referência a Raimundo
José de Jesus, 39.
Fátima Aprígio, 47, mãe da
adolescente Priscila, 13, disse à
Folha que foi avisada pela própria filha, baleada, sobre o
ocorrido. "Ela ligou em casa e
falou: "mãe, tomei um tiro". Daí
a ligação caiu", afirmou.
Fátima disse ter ficado em
pânico. Ligava de volta, mas
não conseguia falar com a filha.
"Até que um rapaz me telefonou e confirmou que a Priscila
havia sido baleada."
A garota é estudante e havia
ido ao dentista. Esperava no
ponto de ônibus para voltar para casa quando foi atingida.
O boletim médico do hospital
Alvorada disse que Priscila teve
perfuração no abdome e foi internada com hemorragia. Ela
passou por cirurgia. Os médicos disseram que a bala provocou lesões no rim e na medula,
mas que só será possível avaliar
os riscos de ela perder mobilidade nos próximos dias.
O advogado Fábio Ferreira
do Nascimento, 28, estava dentro do carro quando viu um tumulto. Entrou numa rua para
fugir do trânsito, quando um
homem armado gritou: "Me tira daqui". Fábio decidiu acelerar, conforme relato de sua
amiga Roberta: "O cara deu um
monte de tiro, mas, por sorte,
só pegou a perna e um pulso".
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