São Paulo, quinta-feira, 01 de março de 2007

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Baleada na perna, mulher volta de ônibus para casa

Maria Erenildes, funcionária da Unifesp, foi uma vítimas de tiroteio na av. Ibirapuera

Mãe da jovem ferida em troca de tiros disse que soube do crime por um telefonema da filha, que foi operada horas depois

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

Seis horas depois de levar um tiro na perna, e passar pelo maior susto de seus 38 anos de vida, Maria Erenildes de Jesus Nascimento teve alta do hospital São Paulo, em Moema, e, com ferimentos ainda sangrando "um pouquinho", ainda pegou um ônibus para voltar à sua casa ontem à noite no Jardim São Francisco, próximo à represa Guarapiranga, na zona sul de São Paulo.
Funcionária da limpeza da Unifesp, Maria Erenildes ainda sentia dores e conversou com a Folha pelo celular do marido enquanto caminhava, mancando, em direção ao ponto.
Contrariando orientação médica, ela foi obrigada a caminhar com a perna ferida. Depois de uma hora dentro do ônibus, Maria Erenildes ainda andou mais 15 minutos a pé, tarde da noite, para chegar em casa. "A perna está doendo, mas minha família não tem carro. Fui mancando um pouquinho, parando um pouquinho. Meu marido me ajudou."
Maria Erenildes estava em pé dentro do ônibus ontem à tarde, voltando do trabalho, quando ouviu "uns barulhos de explosão, de tiro". Não viu nada, mas logo sentiu a dor na perna, que sangrava. "O tiro veio bem em baixo. Tinha um homem do meu lado que também estava sangrando", relata ela, em referência a Raimundo José de Jesus, 39.
Fátima Aprígio, 47, mãe da adolescente Priscila, 13, disse à Folha que foi avisada pela própria filha, baleada, sobre o ocorrido. "Ela ligou em casa e falou: "mãe, tomei um tiro". Daí a ligação caiu", afirmou.
Fátima disse ter ficado em pânico. Ligava de volta, mas não conseguia falar com a filha. "Até que um rapaz me telefonou e confirmou que a Priscila havia sido baleada."
A garota é estudante e havia ido ao dentista. Esperava no ponto de ônibus para voltar para casa quando foi atingida.
O boletim médico do hospital Alvorada disse que Priscila teve perfuração no abdome e foi internada com hemorragia. Ela passou por cirurgia. Os médicos disseram que a bala provocou lesões no rim e na medula, mas que só será possível avaliar os riscos de ela perder mobilidade nos próximos dias.
O advogado Fábio Ferreira do Nascimento, 28, estava dentro do carro quando viu um tumulto. Entrou numa rua para fugir do trânsito, quando um homem armado gritou: "Me tira daqui". Fábio decidiu acelerar, conforme relato de sua amiga Roberta: "O cara deu um monte de tiro, mas, por sorte, só pegou a perna e um pulso".


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