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Com escolta falsa, preso foge de prisão pela porta da frente
Fuga de Paulo Reinon Vieira de Aguiar do CDP 2 ocorreu no dia 11 de janeiro
Levou 45 dias para que sua ausência fosse percebida;
criminosos se passaram por policiais civis e enganaram o sistema de segurança
DA REPORTAGEM LOCAL
A polícia vai investigar a fuga
de um presidiário pela porta da
frente de uma unidade do Centro de Detenção Provisória do
Belém 2 (zona leste), escoltado
por criminosos que se passaram por policiais civis e enganaram o sistema de segurança.
O Deic (Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado) convocará agentes
penitenciários e funcionários
para depor sobre a fuga de Paulo Reinon Vieira de Aguiar no
dia 11 de janeiro -percebida
apenas 45 dias depois.
Aguiar foi preso por suspeita
de tráfico de drogas em março
de 2007 por policiais do Denarc
(Departamento de Narcóticos).
Para resgatá-lo em janeiro, dois
criminosos se passaram por investigadores do Denarc com os
nomes falsos de Carlos Eduardo Gonçalves e Eduardo de Oliveira.
Eles conseguiram entrar no
complexo do Belém usando um
carro de polícia clonado e portando dois documentos: um
ofício de retirada de preso e
uma ordem de saída. O primeiro estava assinado por um delegado chamado João Jorge Rangel Morando, que pertenceria à
delegacia Diap, do Denarc. No
entanto, o suposto delegado e
mesmo a delegacia não existem, segundo a polícia.
O ofício dizia ainda que os
dois falsos policiais deveriam
retirar Aguiar do CDP e levá-lo
para o Denarc, onde permaneceria por cinco dias para ser interrogado.
O outro documento era uma
falsa autorização judicial para a
saída do preso do CDP. A ordem dizia que a escolta de
Aguiar até o Denarc havia sido
autorizada pela juíza Ariane de
Fátima Alves Dias, do Decrim
(Departamento de Execuções
Criminais). Porém, essa juíza
trabalha em outro setor, o Dipo
(Departamento de Inquéritos
Policiais e Polícia Judiciária).
Segundo o Tribunal de Justiça, a juíza confirmou que a ordem foi forjada e abriu um inquérito e um processo administrativo para apurar o caso.
"Eles estacionaram o carro
ao lado do semi-aberto, dentro
do complexo, e foram buscar o
preso. Acho que os agentes que
cuidaram da liberação eram
um pouco inexperientes e,
além disso, o documento falso
estava muito bem feito", disse
um agente penitenciário do Belém 2 que pediu para não ter o
nome revelado.
Uma vez com Aguiar dentro
do carro clonado, os falsos policiais não tiveram problemas
em deixar o CDP e desaparecer.
Os funcionários do CDP só
perceberam a fuga quando procuraram o preso, no dia 27 de
fevereiro, para notificá-lo de
uma audiência na Justiça.
Colaboração
Para tentar identificar os responsáveis pelo erro, policiais da
3ª delegacia do Patrimônio do
Deic devem ouvir funcionários
do CDP que estavam de plantão
no dia da fuga. O Deic investiga
se a fuga contou com a colaboração de alguém que trabalha
na unidade prisional.
A SAP (Secretaria de Administração Penitenciária) se limitou a divulgar por meio de
sua assessoria de imprensa que
"está tomando todas as providências para apurar a fuga".
Aguiar havia sido preso no
dia 13 de março de 2007 no aeroporto de Congonhas. Policiais do Denarc haviam descoberto que ele viajaria à capital
paulista para resolver um problema de sua quadrilha em relação ao armazenamento de
drogas em Itapecerica da Serra.
Ele foi preso quando desembarcou e levou os policiais a
uma casa onde funcionava um
laboratório de drogas.
No local foram encontrados
cerca de 800 quilos de cocaína e
os suspeitos Emerson Alves
Amorim, 29, José Eduardo
Peccora de Oliveira, 28 e Rogério Edson da Silva, 24, que foram presos.
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