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SP tem 13 mil moradores de rua, diz censo
Nova contagem, que será divulgada pela prefeitura, mostra que a capital ganhou 4.000 desabrigados em nove anos
Aumento no uso de drogas, falha em políticas sociais e desemprego são explicações, dizem especialistas; albergues têm cerca de 7.000 vagas
DA REPORTAGEM LOCAL
Novo censo feito no fim do
ano passado e que será divulgado pela Prefeitura de São Paulo
nos próximos dias mostra o que
a maioria dos paulistanos já
percebeu: é crescente o número
de moradores de rua, cada vez
mais espalhados por bairros
onde a situação era incomum.
Os dados do recenseamento,
que trará informações por bairro, idade e sexo, apontam que
13 mil vivem hoje nas ruas.
Para eles, há pouco mais de
7.000 vagas em albergues da
prefeitura -eram 8.000, mas
no ano passado uma unidade
fechou. Conclusão: quase
6.000 não têm onde dormir. E,
mesmo assim, sobram vagas.
Em 2000, quando foi feito o
censo anterior pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas
Econômicas), da USP, eram
8.706 pessoas nessa situação
-3.693 em albergues. Ou seja,
em nove anos, as ruas ganharam mais de 4.000 pessoas, um
aumento de quase 50%.
No período, segundo dados
da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano, a população da capital cresceu 5%.
Há várias explicações para isso, nenhuma delas completa:
aumento do consumo de drogas -principalmente do
crack- e álcool, desemprego e
falha em políticas sociais.
Para Camila Giorgetti, doutora em sociologia pela PUC-SP
e pelo Instituto de Estudos Políticos de Paris e pesquisadora
do Observatório Europeu dos
Sem-Teto, o fenômeno se deve
principalmente à inadequação
dos programas assistenciais.
Para ela, é preciso evitar que
pessoas cheguem às ruas e garantir a volta rápida às famílias.
Um educador de rua -que,
por questão de segurança, não
será identificado- é taxativo: a
culpa é da droga. No caso, do
crack, que leva pessoas a abandonarem trabalho e família.
A Folha acompanhou o trabalho dele, a maior parte do
tempo feito na cracolândia, no
centro. Ele diz ser comum aparecer gente nova, na maior parte pessoas de até 30 anos.
O que confirma constatação
do censo da Fipe: há mais jovens morando nas ruas. A isso
também se atribui o crescimento da presença de usuários
de drogas entre essa população.
Mas a maioria deles ainda é
mais velha, acima dos 40. E o
álcool continua um problema.
Outra explicação para o fato
é o desemprego. Por isso, na
opinião de especialistas, o poder público precisa manter
programas de qualificação profissional e geração de postos.
"É preciso ter projetos que
possibilitem a saída natural da
rua. Nas duas últimas gestões,
só mantinham albergue e até
fecharam vagas", diz Alderon
Costa, coordenador da Rede
Rua, que administra albergues.
A prefeitura informou que o
fechamento do albergue ocorreu por falta de segurança para
usuários e funcionários.
A política do governo, segundo Alda Marco Antonio, vice-prefeita e secretária de Assistência e Desenvolvimento Social, é "fortalecer as famílias
para diminuir a entrada de pessoas na rua".
(EVANDRO SPINELLI, ANDRÉ CARAMANTE e LETÍCIA DE CASTRO)
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