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AMBIENTE
Cidade terá 804 plantas a mais como compensação ambiental pelas obras viárias; reforço não chega a regiões sem verde
SP ganha árvores em áreas de visibilidade
MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL
São Paulo deve ter, ainda neste
ano, um ganho de pelo menos 804
árvores, como resultado das compensações ambientais pelas obras
viárias em curso na cidade. Isso
representa quase dois campos oficiais de futebol em áreas verdes
(12.800 m2).
O reforço, porém, vai beneficiar
diretamente alguns dos paulistanos mais privilegiados quando se
trata de arborização urbana e que
vivem ou trabalham em regiões
nobres da cidade, em vez de ser
usado para reduzir o déficit histórico de verde da fronteira entre as
regiões central e leste e da periferia no extremo leste da capital.
Lá, há distritos cujos habitantes
não têm um metro quadrado sequer de área arborizada e sofrem,
por um lado, com enchentes e,
por outro, com temperaturas até
5C acima da média no verão.
A distribuição desigual deve se
manter porque a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente decidiu plantar as novas
árvores no entorno de onde estão
sendo realizadas as obras -na
zona oeste- e no parque Cordeiro -que fica no Jardim Petrópolis, bairro de classe média alta de
Santo Amaro (zona sul).
Não há nenhum dispositivo que
obrigue o plantio por conta de
compensação ambiental a ser feito nas proximidades da intervenção que demanda tal reparação.
Um dos critérios para escolher
onde colocar as novas árvores foi
o da visibilidade, segundo o próprio secretário do Verde e do
Meio Ambiente, Adriano Diogo.
Ele diz, porém, que pesou também o "bom senso".
Com relação à escolha do parque Cordeiro, o secretário disse
que ele é "importantíssimo". Reivindicação antiga da Sajape (Sociedade Amigos dos Jardins Petrópolis e dos Estados), o empreendimento só existe num decreto municipal e não tem data
certa de entrega à população.
Entre os benefícios da arborização urbana estão a purificação do
ar pela fixação de poeiras e gases
prejudiciais à saúde; a melhoria
do microclima da cidade, pela retenção de umidade do solo e do ar
e pela produção de sombra; o aumento da permeabilidade do solo, que evita enchentes e favorece
a recarga natural dos lençóis subterrâneos de água; o abrigo a animais, o que ajuda a controlar pragas e agentes transmissores de
doenças; e a redução de ruídos.
Distribuição
Do total de árvores que serão
plantadas, 368 unidades (46%),
que compensarão as 35 a serem
removidas para construção do
corredor de ônibus da av. Ibirapuera, vão para o futuro parque
Cordeiro. Em Santo Amaro, há
em média 90 m2 de área verde por
morador, o que coloca o distrito
numa confortável 13ª posição (de
um total de 96) no ranking do
Atlas Ambiental de São Paulo.
A maior parte das plantas, 54%
ou 436 unidades, ficará em vias
públicas no entorno das obras
que as tornaram necessárias porque causaram desmatamento.
Por conta da construção da passagem subterrânea no cruzamento das av. Rebouças e Faria Lima,
serão plantadas 138 árvores na região, de onde serão tiradas 37 unidades -saldo positivo de 101
plantas. Um pouco mais adiante,
no entorno do futuro túnel na esquina da Faria Lima com a av. Cidade Jardim, 185 árvores chegam
e 30 saem (saldo de 155).
Ambas as regiões ficam no distrito de Pinheiros (zona oeste),
que ocupa o 38º lugar no ranking
de vegetação per capita (22,2 m2
por habitante). A Faria Lima é endereço de comércios e escritórios
de alto padrão. Seguindo alguns
quilômetros, o prolongamento da
Faria Lima, na região da av. Hélio
Pellegrino, vai custar 36 árvores,
pagas com 251 novas unidades
(ganho líqüido de 215 plantas).
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