São Paulo, quinta-feira, 01 de abril de 2004

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AMBIENTE

Cidade terá 804 plantas a mais como compensação ambiental pelas obras viárias; reforço não chega a regiões sem verde

SP ganha árvores em áreas de visibilidade

MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL

São Paulo deve ter, ainda neste ano, um ganho de pelo menos 804 árvores, como resultado das compensações ambientais pelas obras viárias em curso na cidade. Isso representa quase dois campos oficiais de futebol em áreas verdes (12.800 m2).
O reforço, porém, vai beneficiar diretamente alguns dos paulistanos mais privilegiados quando se trata de arborização urbana e que vivem ou trabalham em regiões nobres da cidade, em vez de ser usado para reduzir o déficit histórico de verde da fronteira entre as regiões central e leste e da periferia no extremo leste da capital.
Lá, há distritos cujos habitantes não têm um metro quadrado sequer de área arborizada e sofrem, por um lado, com enchentes e, por outro, com temperaturas até 5C acima da média no verão.
A distribuição desigual deve se manter porque a Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente decidiu plantar as novas árvores no entorno de onde estão sendo realizadas as obras -na zona oeste- e no parque Cordeiro -que fica no Jardim Petrópolis, bairro de classe média alta de Santo Amaro (zona sul).
Não há nenhum dispositivo que obrigue o plantio por conta de compensação ambiental a ser feito nas proximidades da intervenção que demanda tal reparação.
Um dos critérios para escolher onde colocar as novas árvores foi o da visibilidade, segundo o próprio secretário do Verde e do Meio Ambiente, Adriano Diogo. Ele diz, porém, que pesou também o "bom senso".
Com relação à escolha do parque Cordeiro, o secretário disse que ele é "importantíssimo". Reivindicação antiga da Sajape (Sociedade Amigos dos Jardins Petrópolis e dos Estados), o empreendimento só existe num decreto municipal e não tem data certa de entrega à população.
Entre os benefícios da arborização urbana estão a purificação do ar pela fixação de poeiras e gases prejudiciais à saúde; a melhoria do microclima da cidade, pela retenção de umidade do solo e do ar e pela produção de sombra; o aumento da permeabilidade do solo, que evita enchentes e favorece a recarga natural dos lençóis subterrâneos de água; o abrigo a animais, o que ajuda a controlar pragas e agentes transmissores de doenças; e a redução de ruídos.

Distribuição
Do total de árvores que serão plantadas, 368 unidades (46%), que compensarão as 35 a serem removidas para construção do corredor de ônibus da av. Ibirapuera, vão para o futuro parque Cordeiro. Em Santo Amaro, há em média 90 m2 de área verde por morador, o que coloca o distrito numa confortável 13ª posição (de um total de 96) no ranking do Atlas Ambiental de São Paulo.
A maior parte das plantas, 54% ou 436 unidades, ficará em vias públicas no entorno das obras que as tornaram necessárias porque causaram desmatamento.
Por conta da construção da passagem subterrânea no cruzamento das av. Rebouças e Faria Lima, serão plantadas 138 árvores na região, de onde serão tiradas 37 unidades -saldo positivo de 101 plantas. Um pouco mais adiante, no entorno do futuro túnel na esquina da Faria Lima com a av. Cidade Jardim, 185 árvores chegam e 30 saem (saldo de 155).
Ambas as regiões ficam no distrito de Pinheiros (zona oeste), que ocupa o 38º lugar no ranking de vegetação per capita (22,2 m2 por habitante). A Faria Lima é endereço de comércios e escritórios de alto padrão. Seguindo alguns quilômetros, o prolongamento da Faria Lima, na região da av. Hélio Pellegrino, vai custar 36 árvores, pagas com 251 novas unidades (ganho líqüido de 215 plantas).


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