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Policiais rodoviários de 3 Estados são presos por esquema de propina
ANDRÉA MICHAEL
ENVIADA ESPECIAL A TERESINA
A Polícia Federal prendeu ontem 14 policiais rodoviários federais e 15 sócios e funcionários de
empresas de transporte de passageiros e de carga sob a acusação
de, em conjunto, terem montado
um esquema que permitia a passagem livre de veículos nas estradas, à revelia da fiscalização, mediante pagamento de propina.
O grupo, que age no Piauí e tem
ramificações em Goiás, Ceará e
São Paulo, teria praticado os crimes de formação de quadrilha,
corrupção ativa e passiva, concussão (extorsão praticada por funcionário público), prevaricação
(deixar de cumprir dever legal) e
violação do sigilo funcional.
Pela investigação, iniciada em
março de 2004 e que incluiu escutas telefônicas, a PF reuniu indícios de que os policiais, além de
permitir o tráfego de ônibus sem
licença, passavam informações
sobre que servidores estariam nos
postos policiais nas estradas. Assim, as empresas programavam
as viagens para quando teriam a
colaboração do plantonista.
"As empresas envolvidas tinham autorização para transportar turistas, mas faziam transporte regular de passageiros nas rotas
entre entre Piauí, Ceará e São Paulo", disse o delegado Herbet Rolim, responsável pela investigação, que ontem foi batizada de
Operação Buriti -referência à
árvore comum na região.
Segundo a PF, o esquema é
composto pelas empresas Guanabara, Josatur, Fátima Tur, Disnovel, Othon e Barroso. Em conjunto ou separadamente, conforme a
investigação, as empresas pagavam policiais para burlar a fiscalização e redobrar a vigilância e as
multas sobre a concorrência.
Com exceção da Disnovel, as
demais transportam passageiros.
A Disnovel comercializa cereais e
teria entrado no esquema para
trafegar com carga acima do peso
permitido, sem ter fiscalização.
Outro lado
Funcionários das empresas
Guanabara e Barroso disseram à
Folha que ainda não dispõem de
informações sobre a investigação
que levou seus sócios ou administradores a serem presos pela operação deflagrada em Goiás, no
Ceará e no Piauí. Familiares de sócios das empresas Disnovel e Fátima Tur se recusaram a comentar
a operação policial e não forneceram o contato dos respectivos advogados. No caso da Josatur, o interlocutor desligou o telefone ao
saber que a ligação vinha da imprensa. O número disponível na
lista telefônica para contato com a
Othon ficou ocupado o dia todo.
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