São Paulo, sexta-feira, 01 de abril de 2005

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Policiais rodoviários de 3 Estados são presos por esquema de propina

ANDRÉA MICHAEL
ENVIADA ESPECIAL A TERESINA

A Polícia Federal prendeu ontem 14 policiais rodoviários federais e 15 sócios e funcionários de empresas de transporte de passageiros e de carga sob a acusação de, em conjunto, terem montado um esquema que permitia a passagem livre de veículos nas estradas, à revelia da fiscalização, mediante pagamento de propina.
O grupo, que age no Piauí e tem ramificações em Goiás, Ceará e São Paulo, teria praticado os crimes de formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva, concussão (extorsão praticada por funcionário público), prevaricação (deixar de cumprir dever legal) e violação do sigilo funcional.
Pela investigação, iniciada em março de 2004 e que incluiu escutas telefônicas, a PF reuniu indícios de que os policiais, além de permitir o tráfego de ônibus sem licença, passavam informações sobre que servidores estariam nos postos policiais nas estradas. Assim, as empresas programavam as viagens para quando teriam a colaboração do plantonista.
"As empresas envolvidas tinham autorização para transportar turistas, mas faziam transporte regular de passageiros nas rotas entre entre Piauí, Ceará e São Paulo", disse o delegado Herbet Rolim, responsável pela investigação, que ontem foi batizada de Operação Buriti -referência à árvore comum na região.
Segundo a PF, o esquema é composto pelas empresas Guanabara, Josatur, Fátima Tur, Disnovel, Othon e Barroso. Em conjunto ou separadamente, conforme a investigação, as empresas pagavam policiais para burlar a fiscalização e redobrar a vigilância e as multas sobre a concorrência.
Com exceção da Disnovel, as demais transportam passageiros. A Disnovel comercializa cereais e teria entrado no esquema para trafegar com carga acima do peso permitido, sem ter fiscalização.

Outro lado
Funcionários das empresas Guanabara e Barroso disseram à Folha que ainda não dispõem de informações sobre a investigação que levou seus sócios ou administradores a serem presos pela operação deflagrada em Goiás, no Ceará e no Piauí. Familiares de sócios das empresas Disnovel e Fátima Tur se recusaram a comentar a operação policial e não forneceram o contato dos respectivos advogados. No caso da Josatur, o interlocutor desligou o telefone ao saber que a ligação vinha da imprensa. O número disponível na lista telefônica para contato com a Othon ficou ocupado o dia todo.


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