São Paulo, sábado, 01 de abril de 2006

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SOB NOVA DIREÇÃO

No 1º dia, pefelista diz que irá manter os projetos do tucano, assiste a protesto de professores e recebe cobranças de vereadores do PSDB

Kassab assume Prefeitura de SP, promete gestão de continuidade e já sofre pressões

Antônio Gaudério/Folha Imagem
O ex-prefeito José Serra e o seu sucessor, Gilberto Kassab, durante transmissão de posse na sala de reuniões da Prefeitura de São Paulo


FABIO SCHIVARTCHE
CONRADO CORSALETTE
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL

O engenheiro civil e economista Gilberto Kassab (PFL), 45, assumiu ontem a Prefeitura de São Paulo após 15 meses de gestão José Serra (PSDB), que renunciou para disputar o governo do Estado. Na primeira entrevista como mandatário da maior cidade do país, Kassab afirmou que sua gestão será marcada pela continuidade de todos os projetos do tucano.
Imposto pelo PFL na chapa de Serra, que não o queria como vice, Kassab foi declarado prefeito às 17h37 pelo presidente da Câmara, Roberto Tripoli (sem partido), após a leitura da carta de renúncia. Em seguida, Tripoli foi pessoalmente ao edifício Matarazzo, sede da prefeitura, levar a Kassab ofício lhe informando que o mandato de Serra estava extinto.
Ontem mesmo, o novo prefeito já assistiu a uma demonstração da pressão que sofrerá no posto. Cerca de 5.000 professores da rede municipal realizaram uma manifestação em frente ao prédio da prefeitura. Os servidores estão em greve por aumento de salários.
Nos próximos dias, as pressões virão de outros setores. Empresas de ônibus reivindicam aumento de R$ 156 milhões para R$ 200 milhões o pagamento mensal que recebem da prefeitura. Empreiteiras cobram dívidas deixadas por administrações anteriores que chegam a cerca de R$ 1 bilhão.
As entidades até ameaçam ir à Justiça para evitar que seja feito um leilão das dívidas (a empresa que oferecer desconto maior recebe primeiro o pagamento). Alegam que a medida quebra a ordem cronológica de pagamentos definida pela Lei de Licitações.
Na seara política, as queixas vêm da própria bancada do PSDB de Serra na Câmara. Os vereadores exigem mais espaço no primeiro escalão do governo. Até agora, foram contemplados com a pasta de Participação e Parceria, que tem poucos recursos.
Mas Kassab assume também recebendo um caixa equilibrado, com cerca de R$ 3 bilhões em aplicações financeiras e um montante um pouco superior para investimentos neste ano.
Ex-vereador pelo PL, ex-deputado estadual e federal pelo PFL e secretário de Planejamento de Celso Pitta (1997-2000) por um ano e três meses, o novo prefeito fechou acordo com Serra segundo o qual até as eleições de outubro manterá no secretariado os principais aliados do ex-chefe.
Nenhuma das recentes mudanças no primeiro escalão da gestão foi selada por iniciativa de Kassab. Até os anúncios dos novos titulares foram feitos por Serra.
Com aliados na gestão, o ex-prefeito quer evitar crises que possam prejudicar sua candidatura. Já Kassab acredita que, por ser inexperiente, precisa do escudo do tucano enquanto tenta ganhar musculatura politica.
O novo prefeito, que foi diretor do Sindicato dos Corretores de Imóveis e vice-presidente da Associação Comercial de São Paulo, passou um dia entre compromissos políticos e a elaboração do discurso de posse, que viria mais tarde ser substituído por uma carta.
De terno preto, camisa azul-claro e gravata vermelha, Kassab foi de manhã assistir à posse do novo governador Cláudio Lembo (PFL), seu aliado político. Às 15h, assistiu à transmissão do cargo de Geraldo Alckmin, agora presidenciável tucano, para Lembo.


Colaborou Luísa Brito, da Reportagem Local

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