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SEGURANÇA
Para comandante, ações como a realizada no Rio são de alto risco
General repreende subordinados por ataques a quartéis
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
Quinze dias após o fim da megaoperação para recuperar 11 armas roubadas no Rio, o comandante do Comando Militar do
Leste, general Domingos Curado,
criticou a falta de "pronta-resposta" a ataques a quartéis e afirmou
que operações como as realizadas
nas favelas do Rio são "de alto risco" para a tropa e a instituição.
A mensagem aos comandados,
publicada quarta-feira no site do
CML, é uma espécie de repreensão aos subordinados, mas revela
a inquietação da corporação com
o poder do tráfico. "Convivemos
na área do CML com a forte e indesejável atuação do crime organizado, cujo interesse em subtrair
armamento de uso privativo das
Forças Armadas é efetivo e extremamente preocupante."
O comandante defende a prevenção, para evitar ter de empregar tropas depois, na recuperação
de armas roubadas. "Operações
decorrentes [de roubos] são de alto risco, tanto para a tropa quanto
para a instituição, e as ações preventivas, respaldadas em planos
de segurança orgânica efetivos,
são a melhor opção para o cumprimento da missão constitucional do Exército."
Curado determina uma reação
imediata aos ataques, aplicando
efetivamente os planos de segurança para "negar que qualquer
criminoso consiga obter sucesso
em ações contra os quartéis". "É
preciso haver atitude de pronta-resposta e atenção permanente
das guarnições de serviço. Nosso
pessoal tem melhor treinamento
e equipamento para se contrapor
a uma ameaça do crime organizado, que poderá se valer da surpresa, negligência e conivência de
elementos de serviço."
O documento revela a insatisfação do comandante com a ineficácia da corporação em repelir
ataques a unidades militares e
com a falta de compreensão sobre
a importância da "segurança orgânica" de suas instalações, assunto que considera complexo.
"Mas pouco adianta apresentar
o assunto de forma didática,
exemplificar com fatos anteriores
ocorridos ou publicar recomendações num boletim interno se
não houver um perfeito entendimento de todos os militares sobre
o que é segurança orgânica, sua
importância para a organização
militar, para seus integrantes e até
para a imagem do Exército", diz.
Na terça-feira, o chefe de Estado-Maior do CML, general Hélio
Macedo, negou que fosse haver
reforço na segurança dos quartéis
após o roubo de dez fuzis e uma
pistola no dia 3. A "bronca" de
Curado na tropa parece ser uma
resposta à ação e um alerta aos comandantes para ficar ainda mais
vigilantes e evitar novos assaltos,
que, na opinião do general, atingem a imagem do Exército.
A Folha revelou, no dia 15, que a
instituição recuperou as armas
roubadas no Rio após um acordo
com o Comando Vermelho.
No informe, o comandante determina a adoção de "regras básicas", como não permitir ingresso
e circulação de estranhos em locais restritos de quartéis.
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