São Paulo, sábado, 01 de abril de 2006

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SEGURANÇA

Para comandante, ações como a realizada no Rio são de alto risco

General repreende subordinados por ataques a quartéis

RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO

Quinze dias após o fim da megaoperação para recuperar 11 armas roubadas no Rio, o comandante do Comando Militar do Leste, general Domingos Curado, criticou a falta de "pronta-resposta" a ataques a quartéis e afirmou que operações como as realizadas nas favelas do Rio são "de alto risco" para a tropa e a instituição.
A mensagem aos comandados, publicada quarta-feira no site do CML, é uma espécie de repreensão aos subordinados, mas revela a inquietação da corporação com o poder do tráfico. "Convivemos na área do CML com a forte e indesejável atuação do crime organizado, cujo interesse em subtrair armamento de uso privativo das Forças Armadas é efetivo e extremamente preocupante."
O comandante defende a prevenção, para evitar ter de empregar tropas depois, na recuperação de armas roubadas. "Operações decorrentes [de roubos] são de alto risco, tanto para a tropa quanto para a instituição, e as ações preventivas, respaldadas em planos de segurança orgânica efetivos, são a melhor opção para o cumprimento da missão constitucional do Exército."
Curado determina uma reação imediata aos ataques, aplicando efetivamente os planos de segurança para "negar que qualquer criminoso consiga obter sucesso em ações contra os quartéis". "É preciso haver atitude de pronta-resposta e atenção permanente das guarnições de serviço. Nosso pessoal tem melhor treinamento e equipamento para se contrapor a uma ameaça do crime organizado, que poderá se valer da surpresa, negligência e conivência de elementos de serviço."
O documento revela a insatisfação do comandante com a ineficácia da corporação em repelir ataques a unidades militares e com a falta de compreensão sobre a importância da "segurança orgânica" de suas instalações, assunto que considera complexo.
"Mas pouco adianta apresentar o assunto de forma didática, exemplificar com fatos anteriores ocorridos ou publicar recomendações num boletim interno se não houver um perfeito entendimento de todos os militares sobre o que é segurança orgânica, sua importância para a organização militar, para seus integrantes e até para a imagem do Exército", diz.
Na terça-feira, o chefe de Estado-Maior do CML, general Hélio Macedo, negou que fosse haver reforço na segurança dos quartéis após o roubo de dez fuzis e uma pistola no dia 3. A "bronca" de Curado na tropa parece ser uma resposta à ação e um alerta aos comandantes para ficar ainda mais vigilantes e evitar novos assaltos, que, na opinião do general, atingem a imagem do Exército.
A Folha revelou, no dia 15, que a instituição recuperou as armas roubadas no Rio após um acordo com o Comando Vermelho.
No informe, o comandante determina a adoção de "regras básicas", como não permitir ingresso e circulação de estranhos em locais restritos de quartéis.


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