São Paulo, domingo, 01 de abril de 2007

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Na versão do Planalto, Lula não desautorizou comandante

KENNEDY ALENCAR
VALDO CRUZ

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não considera que tenha desautorizado o comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, ao determinar que houvesse uma negociação do ministro Paulo Bernardo (Planejamento) com os controladores de vôo militares rebelados.
Segundo a versão do Palácio do Planalto, Saito demonstrou ponderação na noite de sexta-feira e sai engrandecido do episódio na opinião do presidente.
No início da noite de sexta, ainda de acordo com a versão do Planalto, quando a crise se agravou, Saito pretendia dar um ultimato aos controladores, alertando-os de que os que não retornassem ao trabalho seriam presos, mas concordou com avaliações feitas pelo gabinete de crise montado às pressas no sentido de que seria possível negociar uma revisão das punições.
O próprio Saito teria, ainda na versão do Planalto, avaliado que, sem uma reserva de militares que pudesse realizar o trabalho dos amotinados, prender os controladores só geraria uma crise ainda maior.
Quando Lula foi informado pelo chefe-de-gabinete, Gilberto Carvalho, por volta das 20h40 de sexta em pleno vôo para Washington, o presidente avaliou que a aplicação de uma "lei seca" (prender e punir os amotinados) poderia gerar uma paralisação dos aeroportos por dias. O presidente entendeu que ir para o confronto era "uma posição aventureira" e não de governo.
Essa avaliação recebeu a aprovação de Saito, conforme relato de auxiliares diretos do presidente. Daí Lula ter dado a ordem de negociação dizendo que era preciso não haver "quebra de hierarquia".
Na prática, no entanto, foi o que aconteceu [quebra de hierarquia].

Nota
Pela manhã, após surgirem rumores de que poderiam haver demissões na cúpula da Aeronáutica, Carvalho, falando em nome de Lula, telefonou para Saito e disse que ele saíra engrandecido do episódio por ter tido abertura para negociação.
Saito também teve uma reunião, classificada de "tensa" e "difícil", com seus auxiliares para discutir a crise dos controladores.
Ao final do encontro, ficou decidido que seriam divulgadas duas notas, uma interna e outra externa.
A interna teria o objetivo de acalmar os ânimos da Força, já que a decisão de acatar as reivindicações dos grevistas, com a promessa de não haver punições, foi vista como uma quebra de hierarquia e gerou insatisfação em oficiais.
Nas conversas telefônicas com assessores do presidente Lula, o comandante da Aeronáutica reconheceu que há setores descontentes da Força Aérea com as decisões do governo, mas disse que "não tinha fundamento" a informação de que oficiais do Alto Comando estariam demissionários.


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