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Na versão do Planalto, Lula não desautorizou comandante
KENNEDY ALENCAR
VALDO CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não considera que tenha desautorizado o comandante da Aeronáutica, Juniti
Saito, ao determinar que houvesse uma negociação do ministro Paulo Bernardo (Planejamento) com os controladores
de vôo militares rebelados.
Segundo a versão do Palácio
do Planalto, Saito demonstrou
ponderação na noite de sexta-feira e sai engrandecido do episódio na opinião do presidente.
No início da noite de sexta,
ainda de acordo com a versão
do Planalto, quando a crise se
agravou, Saito pretendia dar
um ultimato aos controladores,
alertando-os de que os que não
retornassem ao trabalho seriam presos, mas concordou
com avaliações feitas pelo gabinete de crise montado às pressas no sentido de que seria possível negociar uma revisão das
punições.
O próprio Saito teria, ainda
na versão do Planalto, avaliado
que, sem uma reserva de militares que pudesse realizar o
trabalho dos amotinados, prender os controladores só geraria
uma crise ainda maior.
Quando Lula foi informado
pelo chefe-de-gabinete, Gilberto Carvalho, por volta das
20h40 de sexta em pleno vôo
para Washington, o presidente
avaliou que a aplicação de uma
"lei seca" (prender e punir os
amotinados) poderia gerar
uma paralisação dos aeroportos por dias. O presidente entendeu que ir para o confronto
era "uma posição aventureira"
e não de governo.
Essa avaliação recebeu a
aprovação de Saito, conforme
relato de auxiliares diretos do
presidente. Daí Lula ter dado a
ordem de negociação dizendo
que era preciso não haver "quebra de hierarquia".
Na prática, no entanto, foi o
que aconteceu [quebra de hierarquia].
Nota
Pela manhã, após surgirem
rumores de que poderiam haver demissões na cúpula da Aeronáutica, Carvalho, falando
em nome de Lula, telefonou para Saito e disse que ele saíra engrandecido do episódio por ter
tido abertura para negociação.
Saito também teve uma reunião, classificada de "tensa" e
"difícil", com seus auxiliares
para discutir a crise dos controladores.
Ao final do encontro, ficou
decidido que seriam divulgadas
duas notas, uma interna e outra
externa.
A interna teria o objetivo de
acalmar os ânimos da Força, já
que a decisão de acatar as reivindicações dos grevistas, com
a promessa de não haver punições, foi vista como uma quebra
de hierarquia e gerou insatisfação em oficiais.
Nas conversas telefônicas
com assessores do presidente
Lula, o comandante da Aeronáutica reconheceu que há setores descontentes da Força
Aérea com as decisões do governo, mas disse que "não tinha
fundamento" a informação de
que oficiais do Alto Comando
estariam demissionários.
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