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IML encontra hematoma na nuca da criança
Perícia também localizou manchas no coração e no pulmão da menina Isabella, o que reforça a tese de que ela foi asfixiada
Mesmo admitindo não ter provas, delegado diz que pai
e madrasta da menina, que morreu no sábado, são
candidatos a suspeitos
Reprodução
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Isabella, que supostamente caiu do 6º andar de um prédio, em foto com a mãe; peritos dizem que menina pode ter sido asfixiada
KLEBER TOMAZ
LUÍS KAWAGUTI
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL
A menina Isabella Oliveira
Nardoni, 5, pode ter sido morta
por asfixia antes de o seu corpo
ter sido encontrado no jardim
do prédio onde mora seu pai, na
região do Carandiru (zona norte de SP), no último sábado.
Peritos do IML (Instituto
Médico Legal) suspeitam que
ela nem sequer foi jogada do
apartamento, no sexto andar.
A Folha apurou que os primeiros exames realizados pelo
IML no corpo da vítima apontam indícios de asfixia. Ela teria sido sufocada (por um travesseiro, por exemplo) ou esganada (pelas mãos de um agressor). Para os médicos legistas, a
probabilidade de a tese de asfixia estar correta é de 80%.
Isso porque foram encontradas manchas no coração e no
pulmão da criança, indícios
desse tipo de morte. Além disso, também foram detectados
hematomas na nuca da criança
-possivelmente causados pelos dedos do suposto agressor.
O pai de Isabella, o consultor
jurídico Alexandre Alves Nardoni, 29, disse à polícia que deixou a menina no quarto dela
por alguns minutos e, ao retornar ao apartamento, viu um
rasgo na tela de proteção do
outro quarto e o corpo da menina no chão do jardim. Ele disse acreditar que ela tenha sido
atirada pela janela.
A suspeita de ela não ter sido
jogada, ainda segundo a Folha
apurou, é a quantidade de lesões identificadas pela perícia:
só uma fratura no punho. Segundo os legistas, é muito improvável uma pessoa cair de
quase 20 metros de altura e sofrer tão poucas fraturas.
O laudo conclusivo sobre a
causa da morte de Isabella deverá ficar pronto em 30 dias.
Para o delegado Calixto Calil
Filho, do 9º DP, ele é fundamental para esclarecer o crime.
O policial sustenta desde o primeiro momento que a morte
da menina não foi acidental.
Antes de ser achada morta,
Isabella estava com o pai, que
diz tê-la deixado por alguns minutos sozinha no seu quarto
enquanto buscava a mulher, a
estudante Anna Carolina Trota
Peixoto Jatobá, 24, que é madrasta da menina, e seus outros
dois filhos que aguardavam no
carro, na garagem.
As três crianças, diz o consultor, estavam dormindo; por isso precisou deixar a menina no
apartamento e voltar à garagem. A família retornava de
Guarulhos, onde moram os
pais de Anna Carolina.
Em depoimento, o consultor
disse ter notado, ao retornar ao
apartamento, uma luz acesa no
quarto onde havia deixado a
menina e um rasgo na tela de
proteção de um outro quarto,
onde dormem as duas outras
crianças. Havia marcas de sangue no corredor, no lençol do
quarto dos meninos e na tela.
Nenhum pertence da casa foi
levado e a porta também não
foi arrombada, segundo a polícia. De acordo com funcionários do prédio, ninguém saiu ou
entrou do edifício momentos
antes ou depois de a menina
ser encontrada no jardim.
O porteiro Valdomiro da Silva Veloso, 28, disse à polícia ter
ouvido um barulho forte e, ao
olhar no jardim, viu a menina.
Candidatos a suspeito
"Eles [Nardoni, Anna Carolina e Veloso] são candidatos a
suspeitos", disse o delegado,
que admite, porém, não possuir
indícios que os incrimine. O casal foi submetido a exame toxicológico. Exames preliminares
descartaram a possibilidade de
a menina ter sido estuprada.
O delegado disse ter informado ao pai, à madrasta e ao porteiro que nenhum deles pode
deixar a cidade até as conclusões da investigação. Além dos
três, a polícia também ouviu o
depoimento do pedreiro Misael dos Reis Santos, 31.
O pedreiro foi ouvido, já que
o consultor havia relatado a polícia terem discutido há cerca
de um mês. Segundo o delegado, o pedreiro disse ter sido
contratado para instalar uma
antena de TV em um apartamento do 5º andar e teve dificuldade para obter autorização
de Nardoni para entrar em seu
apartamento -o que era necessário para a obra.
"Foi um depoimento de
quem não estava ofendido com
ele, não estava bravo com ele. A
culpa do pedreiro está perdendo força", disse o delegado.
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