São Paulo, terça-feira, 01 de abril de 2008

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IML encontra hematoma na nuca da criança

Perícia também localizou manchas no coração e no pulmão da menina Isabella, o que reforça a tese de que ela foi asfixiada

Mesmo admitindo não ter provas, delegado diz que pai e madrasta da menina, que morreu no sábado, são candidatos a suspeitos

Reprodução
Isabella, que supostamente caiu do 6º andar de um prédio, em foto com a mãe; peritos dizem que menina pode ter sido asfixiada

KLEBER TOMAZ
LUÍS KAWAGUTI
ROGÉRIO PAGNAN
DA REPORTAGEM LOCAL

A menina Isabella Oliveira Nardoni, 5, pode ter sido morta por asfixia antes de o seu corpo ter sido encontrado no jardim do prédio onde mora seu pai, na região do Carandiru (zona norte de SP), no último sábado.
Peritos do IML (Instituto Médico Legal) suspeitam que ela nem sequer foi jogada do apartamento, no sexto andar.
A Folha apurou que os primeiros exames realizados pelo IML no corpo da vítima apontam indícios de asfixia. Ela teria sido sufocada (por um travesseiro, por exemplo) ou esganada (pelas mãos de um agressor). Para os médicos legistas, a probabilidade de a tese de asfixia estar correta é de 80%.
Isso porque foram encontradas manchas no coração e no pulmão da criança, indícios desse tipo de morte. Além disso, também foram detectados hematomas na nuca da criança -possivelmente causados pelos dedos do suposto agressor.
O pai de Isabella, o consultor jurídico Alexandre Alves Nardoni, 29, disse à polícia que deixou a menina no quarto dela por alguns minutos e, ao retornar ao apartamento, viu um rasgo na tela de proteção do outro quarto e o corpo da menina no chão do jardim. Ele disse acreditar que ela tenha sido atirada pela janela.
A suspeita de ela não ter sido jogada, ainda segundo a Folha apurou, é a quantidade de lesões identificadas pela perícia: só uma fratura no punho. Segundo os legistas, é muito improvável uma pessoa cair de quase 20 metros de altura e sofrer tão poucas fraturas.
O laudo conclusivo sobre a causa da morte de Isabella deverá ficar pronto em 30 dias. Para o delegado Calixto Calil Filho, do 9º DP, ele é fundamental para esclarecer o crime. O policial sustenta desde o primeiro momento que a morte da menina não foi acidental.
Antes de ser achada morta, Isabella estava com o pai, que diz tê-la deixado por alguns minutos sozinha no seu quarto enquanto buscava a mulher, a estudante Anna Carolina Trota Peixoto Jatobá, 24, que é madrasta da menina, e seus outros dois filhos que aguardavam no carro, na garagem.
As três crianças, diz o consultor, estavam dormindo; por isso precisou deixar a menina no apartamento e voltar à garagem. A família retornava de Guarulhos, onde moram os pais de Anna Carolina.
Em depoimento, o consultor disse ter notado, ao retornar ao apartamento, uma luz acesa no quarto onde havia deixado a menina e um rasgo na tela de proteção de um outro quarto, onde dormem as duas outras crianças. Havia marcas de sangue no corredor, no lençol do quarto dos meninos e na tela.
Nenhum pertence da casa foi levado e a porta também não foi arrombada, segundo a polícia. De acordo com funcionários do prédio, ninguém saiu ou entrou do edifício momentos antes ou depois de a menina ser encontrada no jardim.
O porteiro Valdomiro da Silva Veloso, 28, disse à polícia ter ouvido um barulho forte e, ao olhar no jardim, viu a menina.

Candidatos a suspeito
"Eles [Nardoni, Anna Carolina e Veloso] são candidatos a suspeitos", disse o delegado, que admite, porém, não possuir indícios que os incrimine. O casal foi submetido a exame toxicológico. Exames preliminares descartaram a possibilidade de a menina ter sido estuprada.
O delegado disse ter informado ao pai, à madrasta e ao porteiro que nenhum deles pode deixar a cidade até as conclusões da investigação. Além dos três, a polícia também ouviu o depoimento do pedreiro Misael dos Reis Santos, 31.
O pedreiro foi ouvido, já que o consultor havia relatado a polícia terem discutido há cerca de um mês. Segundo o delegado, o pedreiro disse ter sido contratado para instalar uma antena de TV em um apartamento do 5º andar e teve dificuldade para obter autorização de Nardoni para entrar em seu apartamento -o que era necessário para a obra.
"Foi um depoimento de quem não estava ofendido com ele, não estava bravo com ele. A culpa do pedreiro está perdendo força", disse o delegado.


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