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JOÃO BATISTA BORNIA NETO (1949-2009)
Dos moldes de metais às formas de bolo da mulher
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Na quinta-feira, João Batista Bornia Neto saiu de casa
para comprar pão sem levar
seus documentos. Quando
caiu na rua, não conseguiam
identificá-lo, até que dois rapazes o reconheceram: era o
senhor que entregava bolos.
Desde que a empresa da família passou para outras
mãos, Rosely, sua mulher, começou a fazer tortas, bolos e
trufas para vender. Quem entregava os doces era João.
A situação o deixava triste,
conta ela. Sentia que haviam
lhe tirado o emprego e, na idade em que estava, não lhe davam nova oportunidade.
Há mais de 80 anos, nos
fundos de casa, o avô de João
começou a moldar alças de
metal para urnas funerárias.
Nascia a metalúrgica Oriente,
uma das pioneiras na área,
responsável pela fabricação
de válvulas de descarga, torneiras e chuveiros, entre outros acessórios para banheiro.
Quando seu avô morreu,
seu pai assumiu o controle da
empresa. Mas ele era "todo
italiano", não deixava os filhos trabalharem na parte administrativa e não falava dos
problemas com ninguém.
A metalúrgica -único emprego de João- ia mal e ninguém sabia, diz Rosely. Nos
anos 90, uma equipe foi chamada para recuperar os negócios e acabou assumindo a firma em 2003, com a morte de
seu pai. Rosely conta que,
após enrosco judicial, João
ainda era dono de 8%, mas se
afastara da metalúrgica, que
vivia problemas financeiros.
Na quinta, sofreu um ataque cardíaco na rua e morreu,
aos 59, sem realizar seu sonho: ter um Porsche. Deixa
três filhos e dois netos. A missa de sétimo dia será sexta, às
19h, na igreja S. Dimas, em SP.
obituario@grupofolha.com.br
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