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EDUCAÇÃO
Só 3 de cada 100 estabelecimentos de ensino fundamental contam com acesso à Internet, revela censo
Brasil tem 63 mil escolas sem luz
BETINA BERNARDES
Coordenadora de Cotidiano da Sucursal de Brasília
Cerca de 63 mil escolas de ensino fundamental do país não têm
energia elétrica -34,5% do total.
Menos de 8 em cada 100 estabelecimentos do antigo 1º grau dispõem de equipamentos para atividades pedagógicas, como laboratórios de ciência ou de informática. E apenas 3 de cada 100
têm acesso à Internet.
Os dados são do último censo
escolar do MEC e fazem uma radiografia das escolas do país em
março do ano passado.
Os números mostram que, apesar desse quadro, melhorou um
pouco a situação de infra-estrutura das escolas entre 97 e 99.
Se, três anos atrás, possuíam laboratórios de ciências 6,5% dos
estabelecimentos de ensino fundamental, e 4,1% tinham laboratórios de informática, a proporção passou, respectivamente, para 7% e 7,7% em março do ano
passado.
Menos escolas
Nesses dois anos também diminuiu a proporção de escolas sem
energia elétrica. Mas essa diminuição se deve, sobretudo, à redução do número de escolas rurais.
A política de nucleação (fusão)
de escolas de ensino rural é incentivada pelo MEC para aumentar o
número de alunos por escola.
Das escolas sem luz, 99,5% estão localizadas na área rural. Os
alunos das escolas rurais são 6,5
milhões dos 36 milhões de todo o
ensino fundamental no país
-embora mais da metade dos
183 mil estabelecimentos de ensino estejam no meio rural. Desses,
12 mil não têm água.
"Escolas rurais são pequenas,
muitas possuem menos de 20 alunos, e as aulas são da 1ª à 4ª série.
Em geral, as escolas sem luz só
têm aulas durante o dia. Estamos
estimulando a aquisição de geradores", disse o ministro da Educação, Paulo Renato Souza.
Biblioteca e Internet
A presença de biblioteca aumentou de 97 para 99, mas ainda
deixa a desejar. Cerca de um
quarto das escolas possui biblioteca, segundo os dados mais recentes, enquanto 20% tinham coleções de livros para consulta ou
empréstimo aos alunos em 97.
"Eu posso estar sendo um herege, mas, hoje em dia, tão importante quanto biblioteca é ter acesso ao conhecimento proporcionado pela Internet", afirma Ulysses Panisset, presidente do Conselho Nacional de Educação.
Nesse aspecto, as escolas de ensino fundamental ainda estão patinando. Apenas 6.030 (3,3% do
total) possuem acesso à rede
mundial de computadores, das
quais 67% são particulares. Ou
seja, há conexão com a Internet
para alunos de apenas 1.954 das
165 mil escolas públicas brasileiras desse nível de ensino.
Em 97, o MEC não verificou a
presença de conexão à Internet
nas escolas.
O censo do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais), órgão ligado ao
MEC, confirma uma informação
já presente nas pesquisas anteriores: as escolas particulares são
muito mais bem equipadas do
que as públicas, seja em presença
de computador, conexão à Internet, laboratório de ciências, biblioteca ou acesso à luz e água.
Desigualdades regionais
O levantamento também confirma outro aspecto importante
da educação brasileira: as distorções regionais. A situação melhorou em relação a 97, mas o recorte
regional mostra que a presença
de equipamentos pedagógicos
continua proporcionalmente
bem maior no Sul e Sudeste do
que no Norte e Nordeste.
Exemplos: quase metade das
escolas do Sul e do Sudeste têm
bibliotecas, proporção que cai a
10% no Norte-Nordeste; enquanto laboratórios de ciências ou informática chegam a no máximo
3% dos estabelecimentos de ensino nessas duas regiões, no Sul e
no Sudeste chegam a até 20%.
No Norte, onde predominam
escolas rurais, só 0,7% dos estabelecimentos de ensino têm acesso
à Internet. E só 33,6% possuem
energia elétrica. No Sudeste, essas
proporções são de 10% e 89%,
respectivamente.
O ministro Paulo Renato reconhece que a infra-estrutura das
escolas dificulta a implantação da
reforma pedagógica idealizada
pelo MEC, mas diz que, desde o
início de sua gestão, o ministério
vem trabalhando para melhorar o
quadro (leia texto na pág. 3).
Para o presidente da Undime
(união de secretários municipais
da educação), Neroaldo de Azevedo, os três níveis de governo, federal, estadual e municipal, precisam investir mais para melhorar
a infra-estrutura das escolas em
todo o país.
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