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22% dos negros são alvo de ofensas
DA SUCURSAL DO RIO
DA REPORTAGEM LOCAL
A pesquisa que avaliou a violência nas escolas também mostra
que os estudantes que declararam
ter cor preta sofrem mais com o
preconceito: 22% deles já foram
xingados por causa de sua cor de
pele, percentual que cai para 6%
entre os estudantes brancos.
Além disso, entre os xingamentos mais comuns lembrados por
professores e alunos, muitos deles
eram de cunho racista.
Entre as palavras mais lembradas para agredir, os alunos citaram apelidos como "macaco",
"escrava", "picolé de asfalto" ou
"cabelo duro".
As agressões feitas por professores lembradas foram "arrombados", "raça podre" ou "negros
descarados", entre outros.
"Uma coisa é o aluno ganhar
um apelido por causa da cor da
pele. Outra é quando esses apelidos são repetidos com o objetivo
de agredir ou ofender o aluno",
diz Miriam Abramovay, coordenadora da pesquisa.
Auto-estima
O presidente do Ceap (Centro
de Articulação de Populações
Marginalizadas), Ivanir dos Santos, concorda: "Esses xingamentos afetam a auto-estima do aluno
e têm efeito em seu desempenho
na escola".
Em 2001, o Ceap editou, em parceria com o MEC, uma série de cadernos para ajudar professores a
lidarem com a questão do negro
na educação. Santos conta que
um dos objetivos desses cadernos
era justamente aumentar a auto-estima do aluno negro.
Para a socióloga Ana Paula Corti, assessora da ONG Ação Educativa, a "escola está omissa" na relação com seus alunos. Ela constatou isso na sua pesquisa em uma
escola estadual da zona leste de
São Paulo, que gerou a sua tese de
mestrado na UFSCar.
"Percebemos que professores e
diretores interferem pouco nos
problemas entre os alunos", afirma a pesquisadora.
Outra constatação de sua pesquisa, que teve 700 alunos entrevistados, é que boa parte das
agressões verbais a estudantes
provém dos próprios professores.
No ensino médio, chegou a 18,3%
dos casos relatados.
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