São Paulo, segunda-feira, 01 de maio de 2006

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22% dos negros são alvo de ofensas

DA SUCURSAL DO RIO

DA REPORTAGEM LOCAL

A pesquisa que avaliou a violência nas escolas também mostra que os estudantes que declararam ter cor preta sofrem mais com o preconceito: 22% deles já foram xingados por causa de sua cor de pele, percentual que cai para 6% entre os estudantes brancos.
Além disso, entre os xingamentos mais comuns lembrados por professores e alunos, muitos deles eram de cunho racista.
Entre as palavras mais lembradas para agredir, os alunos citaram apelidos como "macaco", "escrava", "picolé de asfalto" ou "cabelo duro".
As agressões feitas por professores lembradas foram "arrombados", "raça podre" ou "negros descarados", entre outros.
"Uma coisa é o aluno ganhar um apelido por causa da cor da pele. Outra é quando esses apelidos são repetidos com o objetivo de agredir ou ofender o aluno", diz Miriam Abramovay, coordenadora da pesquisa.

Auto-estima
O presidente do Ceap (Centro de Articulação de Populações Marginalizadas), Ivanir dos Santos, concorda: "Esses xingamentos afetam a auto-estima do aluno e têm efeito em seu desempenho na escola".
Em 2001, o Ceap editou, em parceria com o MEC, uma série de cadernos para ajudar professores a lidarem com a questão do negro na educação. Santos conta que um dos objetivos desses cadernos era justamente aumentar a auto-estima do aluno negro.
Para a socióloga Ana Paula Corti, assessora da ONG Ação Educativa, a "escola está omissa" na relação com seus alunos. Ela constatou isso na sua pesquisa em uma escola estadual da zona leste de São Paulo, que gerou a sua tese de mestrado na UFSCar.
"Percebemos que professores e diretores interferem pouco nos problemas entre os alunos", afirma a pesquisadora.
Outra constatação de sua pesquisa, que teve 700 alunos entrevistados, é que boa parte das agressões verbais a estudantes provém dos próprios professores. No ensino médio, chegou a 18,3% dos casos relatados.


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