|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Polícia pede prisão e, em relatório, diz que casal estava presente
Documento entregue ontem à Justiça diz que Nardoni e Anna Jatobá estavam no apartamento quando Isabella foi jogada
Polícia também entregou ontem o inquérito; ligações do casal e de testemunhas e cronometragem basearam acusações contra os dois
LUIS KAWAGUTI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Civil entregou ontem à Justiça o inquérito completo e um relatório final sobre
a morte de Isabella Nardoni, 5,
que indicam que Alexandre
Nardoni, 29, e Anna Carolina
Trotta Jatobá, 24 estavam em
seu apartamento no sexto andar do edifício London quando
a menina foi jogada pela janela.
A polícia entregou à Justiça
junto com o inquérito e o relatório um pedido de prisão preventiva - até a realização do
julgamento- para o casal.
O pedido foi baseado no temor da polícia de que eles fujam da cidade e na possibilidade de que tentem alterar provas
já obtidas pela polícia.
Com base nos gritos de "pára
pai", citados por testemunhas e
marcas da tela de proteção encontradas na camiseta de Nardoni, os policiais concluíram
que Anna Carolina tentou asfixiar Isabella, o irmãozinho gritou por ajuda e Nardoni jogou a
menina pela janela.
A Folha teve acesso ao relatório final da polícia sobre o inquérito. A maior parte dos argumentos da polícia contra o
casal foi baseada no confronto
entre os telefonemas dados por
testemunhas que chamavam
por socorro e por Nardoni e sua
mulher que telefonavam para
familiares, e cronometragens
de tempo feitas por peritos durante a simulação do crime, feita no último domingo.
A polícia concluiu que Isabella foi jogada da janela às
23h49min19s. Nesse momento, Nardoni e sua mulher estavam dentro do apartamento,
diz o documento. Logo que Isabella caiu e um morador telefonou para a polícia, Nardoni já
estava próximo ao corpo. Contudo, segundo cálculos dos peritos, ele não teria conseguido
chegar tão rápido ao térreo se
tivesse realmente feito tudo o
que relatou em seu depoimento, como ficar no telefone por 1
minuto e 36 segundos, permanecer o tempo que disse ter ficado dentro do apartamento
-da hora que chegou ao sexto
andar até constatar a queda da
filha-, e esperar o elevador.
Os peritos também chegaram à conclusão que entre a
chegada do casal no prédio e a
primeira chamada de socorro
transcorreram 13 minutos.
Após cronometrar o tempo necessário para percorrer o trajeto entre a garagem e o apartamento conforme o processo
descrito por Nardoni e Anna
Carolina e depois subtrair do
tempo total, os peritos concluíram que o casal teria três minutos para destrancar a porta,
verificar que Isabella não estava na cama, procurá-la no
quarto do casal, verificar a tela
cortada, olhar pela janela e fazer duas ligações que tiveram
tempo total de 56 segundos.
Mas, para fazer todas essas tarefas, eles deveriam ter levado
pelo menos cinco minutos.
O relatório também afirma
que uma terceira pessoa não
teria tempo de entrar no apartamento, tentar asfixiar a menina, cortar a tela de proteção,
atirar Isabella e limpar manchas de sangue enquanto o casal estava ausente, na garagem.
A polícia também concluiu que
os gritos de criança ouvidos por
testemunhas eram do filho de
Nardoni e Anna Jatobá.
Para a polícia, ele pedia que
Nardoni fizesse com que Anna
Jatobá parasse de asfixiar Isabella. Peritos do IML (Instituto
de Criminalística) encontraram marcas de esganadura no
pescoço da menina, mas não
foram capazes de determinar a
quem pertenciam as marcas de
mão por meio de laudos.
Já as marcas de chinelo de
Nardoni na cama e as marcas
da tela de proteção da janela
em sua camiseta levaram a polícia a concluir que foi ele quem
atirou a menina pela janela.
Colaboraram KLEBER TOMAZ e ANDRÉ CARAMANTE, da Reportagem Local
Texto Anterior: Protesto: Moradores pedem fim de tráfego pesado Próximo Texto: Decisão sobre a prisão deve sair na semana que vem Índice
|