São Paulo, quinta-feira, 01 de maio de 2008

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VICENTE FORTE (1937-2008)

O pioneiro no transplante de pulmão

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Naquele 20 de janeiro de 1990, quando o dr. Vicente Forte, com seus óculos e bigode recém grisalho, entrou na sala de cirurgia do Hospital São Paulo, um paciente à beira da morte o esperava para trocar de pulmão. Era a primeira vez no Estado, mas o transplante era a única saída. 12 horas depois ele respirou sozinho, o que faria por mais dois longos anos.
E olha que o pai de Forte, um padeiro do Brás, bairro de São Paulo onde nasceu, queria que fosse comerciante. Ele, porém, queria nadar no rio Tietê, jogar bola no clube Estrela como um bom corinthiano -e ser médico.
Formou-se na Escola Paulista de Medicina e foi trabalhar com o dr. Costabile Gallucci. Até 1972, quando especializou-se em cirurgia torácica. Fez mestrado, doutorado e livre-docência na Unifesp, onde lecionou até 2007, quando se aposentou.
Mantinha, lá se iam 20 anos, o consultório com seu nome no hospital Beneficência Portuguesa, viajava para congressos e escrevia centenas de capítulos em livros médicos. "Nunca esqueceu uma consulta", diz a viúva, já que levava a vida profissional no bolso, em uma pequena agenda de couro preto.
Havia cinco anos adentrara o mundo gastronômico, inspirado por um médico amigo. Fazia macarrão com vitela assada e risoto ao funghi "que eram uma maravilha". E exigia nota dos netos -tinha cinco, dos três filhos- para os pratos. Morreu dia 24, de infarto, aos 71.


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