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VICENTE FORTE (1937-2008)
O pioneiro no transplante de pulmão
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Naquele 20 de janeiro de
1990, quando o dr. Vicente Forte, com seus óculos e bigode recém grisalho, entrou
na sala de cirurgia do Hospital São Paulo, um paciente à
beira da morte o esperava
para trocar de pulmão. Era a
primeira vez no Estado, mas
o transplante era a única saída. 12 horas depois ele respirou sozinho, o que faria por
mais dois longos anos.
E olha que o pai de Forte,
um padeiro do Brás, bairro
de São Paulo onde nasceu,
queria que fosse comerciante. Ele, porém, queria nadar
no rio Tietê, jogar bola no
clube Estrela como um bom
corinthiano -e ser médico.
Formou-se na Escola Paulista de Medicina e foi trabalhar com o dr. Costabile Gallucci. Até 1972, quando especializou-se em cirurgia torácica. Fez mestrado, doutorado e livre-docência na Unifesp, onde lecionou até 2007,
quando se aposentou.
Mantinha, lá se iam 20
anos, o consultório com seu
nome no hospital Beneficência Portuguesa, viajava para
congressos e escrevia centenas de capítulos em livros
médicos. "Nunca esqueceu
uma consulta", diz a viúva, já
que levava a vida profissional
no bolso, em uma pequena
agenda de couro preto.
Havia cinco anos adentrara o mundo gastronômico,
inspirado por um médico
amigo. Fazia macarrão com
vitela assada e risoto ao funghi "que eram uma maravilha". E exigia nota dos netos
-tinha cinco, dos três filhos- para os pratos. Morreu dia 24, de infarto, aos 71.
obituario@folhasp.com.br
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