São Paulo, sexta-feira, 01 de maio de 2009

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Roubos, estupros e mortes crescem em todo o Estado

Assalto seguido de morte aumentou 36,23% nos primeiros três meses deste ano

Porta-voz do governo Serra para o assunto, Túlio Kahn atribui o aumento da violência a uma série de circunstâncias, incluindo a crise econômica


ROGÉRIO PAGNAN
LUIS KAWAGUTI
DA REPORTAGEM LOCAL

A criminalidade aumentou nos três primeiros meses do ano em todo o Estado de São Paulo. Números divulgados ontem pela Secretaria da Segurança mostram o crescimento significativo dos casos de roubo, estupro e latrocínio (roubo seguido de morte).
Os homicídios, que até setembro seguiam tendência de queda, voltaram a aumentar.
"Não estamos nos nossos melhores momentos", disse o sociólogo Túlio Kahn, coordenador da CAP (Coordenadoria de Análise e Planejamento, da Secretaria da Segurança) e porta-voz do governo José Serra (PSDB) para essa divulgação.
Ele atribuiu o crescimento da violência a "uma série de fatores", entre eles o aumento da circulação de armas de fogo (subiu 4,5% a apreensão de armas) e a crise econômica.
Pelo menos 63.729 casos de roubo foram registrados no período -recorde histórico no Estado. Em comparação aos três primeiros meses do ano passado, o crescimento foi de 19,13%. O aumento foi praticamente em todo o Estado.
Os latrocínios, que já haviam crescido no último trimestre de 2008, voltaram a aumentar: 36,23% -94 pessoas foram assassinadas durante assaltos.
Já os casos de homicídio doloso (quando há intenção de matar) subiram em relação ao 1º trimestre do ano passado -o quarto trimestre de 2008 havia interrompido um ciclo de 29 trimestres seguidos de queda.
O aumento foi de 0,7% em todo o Estado em comparação ao mesmo período de 2008. Nos municípios do interior, o crescimento foi de 11,06%. Na capital, houve uma queda de 6,44%, mas abaixo da expectativa do governo (de mais de 10%).
Túlio Kahn afirma não ter explicação única para o crescimento da violência. Para ele, a crise econômica pode ter ajudado a "amplificar" o problema, mas não é a causa. Isso porque, diz, desde janeiro de 2008 iniciou-se a tendência de alta.
Já em relação ao aumento dos casos de estupro (foram 1.050 ocorrências registradas no Estado), ele admitiu não ter explicação. "Seria algum fenômeno social?", questionou. "A mudança [dos índices] é muito brusca. Nem para pior a polícia consegue mudar tão rápido."
De acordo com o sociólogo, a mudança do comando da secretaria e da polícia podem ajudar a melhorar os índices. Ronaldo Marzagão deixou o cargo em 17 de março. Foi substituído por Antonio Ferreira Pinto. "A gente sabe que, sempre quando entra uma nova equipe, retomam-se com mais intensidade as atividades", disse.
Kahn disse que só o governador pode dizer se a saída de Marzagão está ligada a esses números. "Esses dados ainda estão refletindo a administração anterior", afirmou. Serra, por meio de sua assessoria, negou haver uma vinculação. Marzagão não foi localizado pela Folha ontem.


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