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Homicídios crescem 23% em São Paulo
Após nove anos em queda na capital paulista, número de assassinatos no primeiro trimestre de 2010 supera o de 2009
Governo classificou crescimento como uma oscilação e ressaltou dados positivos, como queda de latrocínio em 22%
DA REPORTAGEM LOCAL
A cidade de São Paulo está
mais violenta. Após nove anos
em queda, a capital paulista
voltou a enfrentar um aumento
do número de homicídios no
primeiro trimestre do ano em
comparação com o mesmo período de 2009.
O crescimento, de 23%, surpreendeu o governo. No total,
foram mortas 376 pessoas nesse período -mais de quatro por
dia. Foram 1.224 homicídios
em todo o Estado - alta de 7%.
Na tarde de ontem, a cúpula
da Segurança Pública esteve
reunida em torno dos números.
Ninguém, porém, apresentou-se para comentá-los. O governo
classificou o crescimento como
uma oscilação.
"Tais oscilações, depois de
um longo período de redução
dos homicídios, indicam que os
esforços do governo, das polícias e da sociedade devem ser
renovados continuamente com
a adoção de novas, mais modernas e eficientes estratégias."
No início do ano, José Serra
(PSDB), que deixou o governo
para disputar a Presidência da
República, atribuiu o crescimento dos assassinatos no Estado em 2009 ao desemprego e
à crise econômica. Até o final de
2009, apenas a capital e a Grande São Paulo mantinham a tendência de queda de homicídios.
Queda
A nota divulgada pelo governo, além de afirmar que os índices de mortalidade no Estado
são a metade do resto do país,
também ressalta os resultados
positivos na redução dos crimes contra o patrimônio. O
principal deles foi o latrocínio
(roubo seguido de morte), que
teve queda de 22% no Estado.
No começo deste ano, após a
divulgação de uma série de índices negativos, o secretário da
Segurança Pública, Antonio
Ferreira Pinto, elegeu o combate aos crimes contra o patrimônio como prioridade. Na ocasião, ele afirmou que esperava
uma melhora nesses índices
porque havia trocado quase todos os dirigentes dos principais
cargos da Polícia Civil.
Mesmo com a redução de vários crimes contra o patrimônio, o Estado também viu aumentarem ações atribuídas ao
crime organizado, como roubos a bancos (de 16%) e extorsão mediante sequestro (25%).
Para o sociólogo José dos
Reis Santos Filho, coordenador
do Núcleo de Estudos sobre
Violência e Políticas Alternativas da Unesp, os números
apontam a necessidade de investigar mais homicídios e
mostrar que há punição.
"Talvez o criminoso passe a
avaliar que o custo benefício de
se cometer um assassinato não
valha a pena", avalia.
Já o advogado criminalista
Roberto Delmanto Júnior, da
Associação Internacional de
Direito Penal, vê no aumento
dos homicídios um recado para
que o governo comece a repensar sua política de Segurança
Pública. "Esse aumento é tão
expressivo que não dá para atribuí-lo a problemas sociais."
(ROGÉRIO PAGNAN, AFONSO BENITES E EVANDRO SPINELLI)
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