Policiais da Força Tática da zona norte teriam também tentado matar integrante de trio flagrado roubando celulares

É o quarto caso de violência envolvendo PMs dessa região nos últimos 15 dias; Corregedoria ainda não ouviu nenhum suspeito

AFONSO BENITES
DA REPORTAGEM LOCAL
RACHEL AÑÓN
DA AGÊNCIA FOLHA

A Polícia Civil investiga três policiais militares da Força Tática da zona norte de São Paulo suspeitos de torturar dois jovens e tentar matar um deles. Esse foi o quarto caso de violência envolvendo PMs dessa região nos últimos 15 dias.
Segundo familiares relataram ao delegado José Bernardo de Carvalho Pinto, do 73º DP, a agressão às vítimas, cujos nomes não foram divulgados, começou na segunda passada.
Um jovem de 16 anos, um amigo dele, de 22, e um terceiro homem foram flagrados roubando dois celulares no Parque Edu Chaves (zona norte).
Três PMs, todos do 5º Batalhão (Jaçanã), perseguiram os suspeitos e conseguiram pegar o jovem. Com ele, acharam um revólver e o agrediram para que denunciasse os colegas. O rapaz revelou o endereço de um deles. Por volta das 23h, os PMs, segundo a denúncia, foram até a casa do jovem de 22 anos, levaram-no para "dar uma volta" e também bateram nele.
Dois dias depois, o mesmo rapaz voltou a ser agredido. Dessa vez, na praça Comandante Eduardo de Oliveira -várias pessoas presenciaram a agressão, entre elas o funcionário de uma LAN house que também foi agredido. O delegado acredita que os agressores, que não estavam fardados, eram os policiais militares.
Quando o rapaz tentou fugir, foi baleado na nádega, no cotovelo e no calcanhar. Ele está internado em estado grave, porque levou uma coronhada que afundou o seu crânio.
Depois de atirarem, os suspeitos foram abordados por três PMs de um posto localizado na mesma praça. Como disseram ser policiais, os colegas os liberaram e levaram o rapaz para um pronto-socorro.
Quando a Polícia Civil chegou ao local da tentativa de homicídio, só achou uma mancha de sangue no chão. As cápsulas da arma que atingiu o rapaz já haviam sido recolhidas.

Dificuldades
Os três policiais suspeitos ainda não foram identificados porque, segundo o delegado Carvalho Pinto, a PM não colabora com a investigação.
A Corregedoria da instituição nega a falta de colaboração. Até ontem à noite, porém, a Corregedoria ainda não tinha ouvido nenhum suspeito, mesmo sabendo qual era o veículo em que eles estavam.
Nesta semana, 12 PMs do 9º Batalhão, também na zona norte, foram presos sob a suspeita de participarem da tortura e do assassinato do motoboy Eduardo dos Santos, 30. Há outras duas investigações sobre agressões cometidas por PMs desse batalhão. As vítimas foram dois jovens, em outubro de 2009, e um taxista, no último dia 18.


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