São Paulo, domingo, 01 de maio de 2011 |
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ANÁLISE Apenas abolir as garagens gera exclusão social dos moradores THIAGO GUIMARÃES ESPECIAL PARA A FOLHA São velhos conhecidos dos paulistanos os efeitos sociais e ambientais provocados pela utilização abusiva dos meios particulares motorizados de transporte: poluição do ar e sonora, acidentes etc. Para defender a qualidade de vida de seus habitantes, é essencial que cidades adotem medidas restritivas, sobretudo associadas a políticas de promoção dos modos coletivos e não-motorizados. Porém, abolir a garagem em conjuntos habitacionais para "incentivar o transporte coletivo" é um mau começo. São Paulo caracteriza-se pela enorme concentração de postos de trabalho na região central e residências em bairros afastados. Congestionamentos e superlotação do metrô refletem a má distribuição de atividades. A Cohab foi um dos protagonistas desse modelo de crescimento. Ao longo de décadas, a política de habitação social do município fomentou a separação funcional, com a provisão de unidades em bairros isolados, precariamente dotados de infraestrutura. Moradores dessas unidades precisam vencer grandes distâncias para ir ao trabalho. Segundo a mais recente pesquisa origem-destino do metrô, em José Bonifácio a relação é de quase oito habitantes por emprego. Para um (futuro) morador do conjunto habitacional, soa piada de mau gosto a prefeitura anunciar o fim de garagens em seus novos empreendimentos meses depois de reajustar a tarifa de ônibus para R$ 3. Desacompanhada de outras medidas, a atitude da Cohab contribuirá para limitar ainda mais a acessibilidade de parte da população. THIAGO GUIMARÃES é jornalista, economista e mestre em planejamento e desenvolvimento urbano pela HafenCity Universität Hamburg (Alemanha) Texto Anterior: Vaga faz aumentar custo das obras, diz secretário Próximo Texto: Danuza Leão: O casamento, ainda Índice | Comunicar Erros |
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