São Paulo, domingo, 01 de maio de 2011

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Um país na bagagem

Milionário americano, Jordan Monroe Jones, 31 cruzou a costa brasileira atrás do sonho hippie de liberdade

REYNALDO TUROLLO JR.
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA


Uma Kombi, o som de Jorge Ben Jor e Wilson Simonal no iPod e um motorista disposto a viver "like a rolling stone"- sem rumo definido.
Durante dois meses, o norte-americano Jordan Monroe Jones, 31, herdeiro de um construtor de mansões em Las Vegas e que se ocupa do restaurante da família em Hollywood (Califórnia), cruzou a costa brasileira.
Foi de São Paulo a Belém (PA), dirigindo e morando dentro de "Coco", o apelido de sua Kombi, modelo 1997, comprada por R$ 10 mil.
"As únicas pessoas que têm uma Kombi nos Estados Unidos são hippies, artistas e pessoas excêntricas. Sempre quis, secretamente, ter uma", diz o americano.
Fã declarado de Jack Kerouac- autor de "On the Road"-, Jones reviveu no Brasil os dias da geração beat de Kerouac, trocando a Route 66 do livro pela BR-101.
"Meu trajeto era decidido no dia a dia, a partir dos conselhos dos moradores e viajantes que eu ia conhecendo", conta o americano.
Jones saiu de São Paulo no final de janeiro, rumo a Paraty (RJ). De lá, passou mais 50 dias na estrada dirigindo até seis horas por dia, por 12 Estados até chegar ao Pará.
No Rio, juntou-se a um "encontro hippie" em Santa Luzia, distrito de Nova Friburgo, dias após a tragédia das enchentes na região serrana.
"Era tudo na base da troca, livre expressão, conexão com o próximo e com a natureza. Muitos não usavam roupas e havia pessoas do mundo inteiro dormindo em tendas ou ao relento", relembra.
A experiência hippie se repetiu em Arembepe (50 km ao norte de Salvador), onde uma comunidade foi instalada nos anos 70. "A vila recebeu alguns hippies famosos, como [a cantora norte-americana] Janis Joplin, mas hoje está meio vazia", conta.
Mas nem tudo foi paz e amor. No Espírito Santo, acampado numa fazenda, Jones levou um susto ao ser abordado pela polícia. Nada que pudesse mudar a impressão que levou do país.
"Se eu tivesse ouvido tudo o que me disseram nas cidades, teria ficado aterrorizado. Entendo que as cidades são perigosas, mas talvez as pessoas nunca tenham passado tanto tempo no interior. É um mundo completamente diferente", afirma.


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