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GUERRA URBANA
Governo só entregou 39% dos laudos
Informação é da Procuradoria Geral de Justiça, que divulgou ontem a relação de mortos durante os ataques do PCC
Na relação enviada pela
Secretaria da Segurança ao
Ministério Público Estadual,
32 suspeitos aparecem
ainda como desconhecidos
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Secretaria da Segurança
Pública entregou à Procuradoria Geral de Justiça apenas 39%
dos rascunhos de laudos necroscópicos referentes aos
agentes de segurança e supostos criminosos mortos durante
o auge da crise provocada pelos
ataques do PCC (Primeiro Comando da Capital).
A afirmação é do promotor
Neudival Mascarenhas Filho,
assessor da Procuradoria, designado para investigar as mortes ocorridas entre os dias 12 e
19 deste mês. O promotor divulgou ontem a lista de mortos
(veja quadro nesta página).
Segundo Mascarenhas, a documentação incompleta fornecida pela secretaria prejudicou
o cruzamento de dados. "Não
sei por que isso aconteceu. Mas,
sem dúvida, a nossa apuração
poderia estar mais adiantada."
A secretaria nega o atraso e
afirma que a maioria dos laudos
já está à disposição do Ministério Público de São Paulo (leia
texto nesta página). Segundo a
assessoria da pasta, os dados foram confirmados pelas polícias
Civil e Militar, o que tem provocado várias correções em relação ao número de mortos.
Na semana passada, a Procuradoria exigiu da secretaria, sob
pena de responsabilizá-la por
desobediência, o envio de boletins de ocorrência e laudos sobre as mortes. Os documentos
foram entregues quinta e sexta-feira. A pasta chegou a centralizar os laudos, evitando a divulgação dos dados.
Ontem, Mascarenhas divulgou a lista oficial com 23 policiais militares, seis agentes penitenciários, oito policiais civis,
três guardas municipais e 122
suspeitos mortos em confronto
com a polícia. Dos supostos criminosos, 91 teriam ligação com
os ataques do PCC, segundo a
análise do governo. Dos suspeitos, 32 ainda aparecem como
desconhecidos.
A lista de mortos também
traz como não-identificados
um agente penitenciário e um
policial civil, o que causou surpresa entre os promotores.
A maioria dos laudos do IML
(Instituto Médico Legal) sobre
as mortes, no entanto, não foi
enviada pela secretaria, segundo o promotor. Da lista dos 40
agentes de segurança mortos,
apenas 16 laudos foram entregues. Dos 122 suspeitos, só em
47 casos a Procuradoria tem o
documento correspondente.
Mascarenhas apenas divulgou os nomes fornecidos pela
própria secretaria. "Estamos
na fase de coleta de dados", disse. Em relação ao levantamento da própria Procuradoria, iniciado na semana passada, ele
divulgou apenas a média de tiros recebidos pelos mortos: 9
tiros, no caso dos agentes de segurança, e 3,2 no caso dos suspeitos mortos pela polícia. A
maioria dos tiros atingiu a cabeça das vítimas.
Mascarenhas evitou criticar
a secretaria e não quis opinar se
os laudos revelavam indícios de
abuso policial. A Defensoria
Pública de São Paulo já analisou parte dos laudos fornecidos
pelo IML Central de São Paulo
e concluiu que em vários casos
há suspeita de ação ilegal por
parte dos policiais.
De 28 mortos pela polícia em
supostos confrontos, por
exemplo, 22 apresentavam tiros de cima para baixo, um indício de que a vítima pudesse
estar rendida, de joelhos ou caída. Dois mortos receberam tiros pelas costas.
Mascarenhas afirma também que o Ministério Público
recebeu informações de que a
lista de mortos pode ser maior
do que a divulgada, mas não citou casos. Hoje, segundo o promotor, serão pedidos os dados
restantes.
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