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Metrô acaba com bilhete múltiplo de 10
Sem alerta prévio, tíquete não será mais comercializado a partir de hoje, mas unidade comprada até ontem será aceita
Passagem, criada em 1976, permitia desconto de 4,8%; governo cita integração com o bilhete único, fraudes e baixa procura para a medida
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
O bilhete múltiplo de dez viagens válido no metrô, nos trens
e em um corredor de ônibus
deixará de ser comercializado a
partir de hoje em São Paulo.
A medida foi oficializada ontem pelo governo Cláudio
Lembo (PFL). O desconto de
4,8% que existia até então na
rede paulista sobre trilhos acaba, elevando os custos do transporte coletivo para os usuários.
Às vésperas de completar 30
anos de existência no Metrô de
São Paulo, esse bilhete permitia uma economia de R$ 1 a cada dez viagens (R$ 0,10 por trajeto). Em vez de R$ 21, valor de
dez tarifas unitárias, a compra
do múltiplo saía por R$ 20.
Esse desconto já foi maior e
vinha sendo reduzido pela administração Geraldo Alckmin
(PSDB) nos últimos anos.
Mesmo assim, somente no
mês passado, eles ainda representavam 13% das passagens
vendidas no Metrô -totalizando 4,824 milhões- e, em abril,
17,4% no sistema de trens.
Apesar do fim da comercialização, os bilhetes existentes e
vendidos até ontem seguirão
sendo aceitos nas catracas do
Metrô, da CPTM (Companhia
Paulista de Trens Metropolitanos) e do corredor de ônibus
São Mateus-Jabaquara, da EMTU, até que os créditos acabem.
O governo Lembo diz ter decidido encerrar a venda do múltiplo de dez para incentivar a
integração do sistema sobre trilhos com os ônibus municipais
por meio do bilhete único, iniciada no final do ano passado.
A integração permite baldeações entre os dois sistemas com
uma despesa total de R$ 3, contra R$ 4,10 do custo anterior
-R$ 2 dos ônibus e R$ 2,10 do
metrô ou dos trens.
Mas, para quem usa somente
a rede sobre trilhos, essa passagem integrada não é vantajosa e
a compra do múltiplo de dez
permitia um desconto de R$ 1,
que acabará a partir de hoje.
O governo do Estado já havia
parado de vender os bilhetes
múltiplos de dois no segundo
semestre do ano passado, meses após cortar seu desconto.
A Secretaria dos Transportes
Metropolitanos também apresentou ontem como argumento para a extinção do múltiplo
de dez a queda de seu uso
-acentuada depois da redução
dos descontos pelo governo.
Segundo a pasta, no Metrô,
em maio de 2005 sua utilização
representava 19,4% do total, índice que caiu para 13% no mês
passado. Em janeiro de 2005, a
companhia dizia que a adesão
ao múltiplo de dez atingia 27%.
Antes, chegou próxima de 50%.
Entre janeiro de 2003 e janeiro de 2005, a tarifa do múltiplo de dez foi elevada pela gestão Alckmin de R$ 12,50 para
R$ 20, alta de 60% -enquanto
a tarifa unitária saltou 31,25%,
de R$ 1,60 para R$ 2,10, e a inflação oficial utilizada nas metas do governo, baseada no IPCA, foi de apenas 18,3%.
Se ontem esse bilhete múltiplo de dez permitia uma economia de 4,8% em cada trajeto,
em 2002 ela era bem maior
-próxima de 22%.
A extinção do bilhete múltiplo de dez foi publicada no
"Diário Oficial" de ontem sem
prévia divulgação, para começar a valer já no dia seguinte,
impossibilitando qualquer corrida aos postos de venda para
aproveitar esse desconto.
O governo ressaltou ainda
que esse bilhete estava entre os
principais alvos de fraude, causadas por clonagem. Em 2006
houve 84 casos na CPTM.
No corredor de ônibus São
Mateus-Jabaquara, da EMTU
-onde a tarifa do bilhete múltiplo de dez era de R$ 19 (R$ 1,90
por cada trajeto)-, os passageiros terão agora de desembolsar
R$ 2,10 por viagem (bilhete
unitário) ou R$ 4 pelo múltiplo
de dois, mantido só nesse caso.
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