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Federal do Ceará tem 3 cursos com nota máxima
Universidade é a maior do Estado, com 23 mil alunos
KAMILA FERNANDES
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA
Uma universidade do Ceará,
Estado pobre e distante dos
centros acadêmicos e financeiros mais importantes do país,
obteve mais cursos com a nota
máxima no último Enade -administração, ciências contábeis
e secretariado executivo.
As explicações da comunidade acadêmica para o bom resultado da Universidade Federal
do Ceará variam. Para professores e alunos, o mérito é todo
deles, pois há problemas de infra-estrutura física nos cursos.
Para o reitor Luís Carlos Saunders, além do papel de docentes
e estudantes, a universidade
mudou nos últimos anos e tem
conseguido investir mais.
A primeira mudança, segundo o reitor, foi de gestão: até
quatro anos atrás, o déficit da
UFC chegava a quase R$ 10 milhões. "Hoje, a universidade
não deve mais a nenhum credor", disse. "Com as despesas
em dia, podemos agora manter
mil bolsas a estudantes."
A UFC é a maior universidade do Ceará, com 23 mil alunos
na graduação -cerca de 25%
deles egressos de escolas públicas-, 1.300 professores efetivos e 200 temporários.
Só na Faculdade de Economia, Administração, Atuária e
Contabilidade, são 4.100 alunos e 106 docentes, dos quais
44 doutores e 49 mestres. Para
a diretora Maria Naiúla Monteiro, o maior problema é o espaço físico: um prédio da década de 30, que, apesar de reformado, tem salas pequenas e insuficientes para todas as aulas.
A estudante Ana Rita Pinheiro, 19, do segundo semestre de
administração da UFC, disse
que os problemas de infra-estrutura atrapalham, mas que a
dificuldade é superada pelos
bons professores.
Rio Grande do Norte
No Rio Grande do Norte, o
bom desempenho no Enade se
deve ao fato de o Estado ter sido
o que, percentualmente, mais
teve cursos com conceitos 4 e 5.
Foram 37,8% de 45 cursos conceituados; 17,8% tiveram 5, o
valor máximo, e 20% tiveram 4.
"Por volta de 2002, quando
as universidades privadas começaram a ter boas notas [no
exame], os alunos das faculdades públicas perceberam que
não poderiam ficar para trás e
pararam de boicotar", disse a
secretária da Educação do Estado, Ana de Medeiros.
Ela aponta contradição entre
os resultados do ensino superior e médio, que são baixos no
Estado. No último Enem (Exame Nacional do Ensino Médio),
o Estado ficou na 13ª posição.
O curso potiguar mais destacado é o de turismo da Uern
(Universidade do Estado do
Rio Grande do Norte). Além de
ter obtido nota máxima no
Enade, ele também tirou cinco
no IDD (Indicador de Diferença entre os Desempenhos Observado e Esperado).
Para o reitor da Uern, Milton
Marques, a tradição turística
do Rio Grande de Norte é o que
mais beneficia a graduação.
"Temos uma grande rede de
hotéis e pousadas. Os alunos
aprendem muito na prática."
Mesmo com os bons resultados, o ensino superior local não
está alheio às greves. Os docentes da Uern estão parados há 22
dias. Pedem 18% de reajuste salarial. A paralisação é mais comum no início dos semestres.
"A [avaliação] média engana.
Nosso ensino superior não é
muito melhor do que o do resto
do Nordeste", disse o reitor da
UFRN (Universidade Federal
do Rio Grande do Norte), José
Ivonildo do Rêgo, sobre a instituição que administra.
Após o Rio Grande do Norte,
o segundo e o terceiro Estados
com mais percentuais de conceitos 4 e 5 foram, respectivamente, o Rio Grande do Sul,
com 37,2% de 296 cursos, e a
Bahia, com 34,1% de 179 cursos.
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