São Paulo, sexta-feira, 01 de junho de 2007

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Federal do Ceará tem 3 cursos com nota máxima

Universidade é a maior do Estado, com 23 mil alunos

KAMILA FERNANDES
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA

Uma universidade do Ceará, Estado pobre e distante dos centros acadêmicos e financeiros mais importantes do país, obteve mais cursos com a nota máxima no último Enade -administração, ciências contábeis e secretariado executivo.
As explicações da comunidade acadêmica para o bom resultado da Universidade Federal do Ceará variam. Para professores e alunos, o mérito é todo deles, pois há problemas de infra-estrutura física nos cursos. Para o reitor Luís Carlos Saunders, além do papel de docentes e estudantes, a universidade mudou nos últimos anos e tem conseguido investir mais.
A primeira mudança, segundo o reitor, foi de gestão: até quatro anos atrás, o déficit da UFC chegava a quase R$ 10 milhões. "Hoje, a universidade não deve mais a nenhum credor", disse. "Com as despesas em dia, podemos agora manter mil bolsas a estudantes."
A UFC é a maior universidade do Ceará, com 23 mil alunos na graduação -cerca de 25% deles egressos de escolas públicas-, 1.300 professores efetivos e 200 temporários.
Só na Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade, são 4.100 alunos e 106 docentes, dos quais 44 doutores e 49 mestres. Para a diretora Maria Naiúla Monteiro, o maior problema é o espaço físico: um prédio da década de 30, que, apesar de reformado, tem salas pequenas e insuficientes para todas as aulas.
A estudante Ana Rita Pinheiro, 19, do segundo semestre de administração da UFC, disse que os problemas de infra-estrutura atrapalham, mas que a dificuldade é superada pelos bons professores.

Rio Grande do Norte
No Rio Grande do Norte, o bom desempenho no Enade se deve ao fato de o Estado ter sido o que, percentualmente, mais teve cursos com conceitos 4 e 5. Foram 37,8% de 45 cursos conceituados; 17,8% tiveram 5, o valor máximo, e 20% tiveram 4.
"Por volta de 2002, quando as universidades privadas começaram a ter boas notas [no exame], os alunos das faculdades públicas perceberam que não poderiam ficar para trás e pararam de boicotar", disse a secretária da Educação do Estado, Ana de Medeiros.
Ela aponta contradição entre os resultados do ensino superior e médio, que são baixos no Estado. No último Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), o Estado ficou na 13ª posição.
O curso potiguar mais destacado é o de turismo da Uern (Universidade do Estado do Rio Grande do Norte). Além de ter obtido nota máxima no Enade, ele também tirou cinco no IDD (Indicador de Diferença entre os Desempenhos Observado e Esperado).
Para o reitor da Uern, Milton Marques, a tradição turística do Rio Grande de Norte é o que mais beneficia a graduação. "Temos uma grande rede de hotéis e pousadas. Os alunos aprendem muito na prática."
Mesmo com os bons resultados, o ensino superior local não está alheio às greves. Os docentes da Uern estão parados há 22 dias. Pedem 18% de reajuste salarial. A paralisação é mais comum no início dos semestres.
"A [avaliação] média engana. Nosso ensino superior não é muito melhor do que o do resto do Nordeste", disse o reitor da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte), José Ivonildo do Rêgo, sobre a instituição que administra.
Após o Rio Grande do Norte, o segundo e o terceiro Estados com mais percentuais de conceitos 4 e 5 foram, respectivamente, o Rio Grande do Sul, com 37,2% de 296 cursos, e a Bahia, com 34,1% de 179 cursos.


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