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JANDYRA FRANÇA BARZAGHI (1915-2010)
A primeira doutora pela USP
ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO
Aos quase 95 anos, Jandyra França Barzaghi passava a
impressão de ainda viver como uma moça de 20. Estava
sempre entusiasmada com a
vida e cheia de planos.
Natural de São Luís do Paraitinga (SP), era filha de delegado e viveu em Pirassununga (SP) antes de a família
decidir se mudar para a capital. Aos 15, perdeu o pai, e foi
ajudar no sustento da família
-ao todo, eram dez irmãos.
Bem cedo, trabalhou como
professora em Ilhabela (SP).
Nos anos 30, fundada a USP,
entrou para a turma inaugural do curso de química.
Dos 15 alunos iniciais da
faculdade, quatro se formaram -entre eles, ela e Luciano Barzaghi, 93, seu marido.
Três deles finalizaram o
trabalho de doutorado na
mesma época -o quarto foi
para a indústria. Jandyra
acabou sendo a segunda a
defender sua tese. Tornou-se
a primeira doutora pela USP.
Por toda a vida, manteria o
espírito de educadora. Com
os filhos e sobrinhos, organizava peças e leituras. Em
Ilhabela, deu começo à biblioteca pública, projeto continuado por duas irmãs suas.
Nos anos 60, manteve a Livraria Peruíbe por 25 anos,
em SP. Promovia o hábito de
leitura nas pessoas e criou as
feirinhas de livros em escolas, que se popularizaram.
Nos 35 anos em que morou
em Itapecerica da Serra (SP),
organizou o bairro, estimulando a união entre os vizinhos, a coleta de lixo e a criação da polícia comunitária.
Gostava de ser independente. Atualmente, cuidava
da reforma de uma casa.
Morreu na quinta, deixando viúvo, filha e neta. A missa de sétimo dia será hoje, às
9h, na igreja São José, SP.
coluna.obituario@uol.com.br
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