São Paulo, terça-feira, 01 de junho de 2010

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JANDYRA FRANÇA BARZAGHI (1915-2010)

A primeira doutora pela USP

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

Aos quase 95 anos, Jandyra França Barzaghi passava a impressão de ainda viver como uma moça de 20. Estava sempre entusiasmada com a vida e cheia de planos.
Natural de São Luís do Paraitinga (SP), era filha de delegado e viveu em Pirassununga (SP) antes de a família decidir se mudar para a capital. Aos 15, perdeu o pai, e foi ajudar no sustento da família -ao todo, eram dez irmãos.
Bem cedo, trabalhou como professora em Ilhabela (SP). Nos anos 30, fundada a USP, entrou para a turma inaugural do curso de química.
Dos 15 alunos iniciais da faculdade, quatro se formaram -entre eles, ela e Luciano Barzaghi, 93, seu marido.
Três deles finalizaram o trabalho de doutorado na mesma época -o quarto foi para a indústria. Jandyra acabou sendo a segunda a defender sua tese. Tornou-se a primeira doutora pela USP.
Por toda a vida, manteria o espírito de educadora. Com os filhos e sobrinhos, organizava peças e leituras. Em Ilhabela, deu começo à biblioteca pública, projeto continuado por duas irmãs suas.
Nos anos 60, manteve a Livraria Peruíbe por 25 anos, em SP. Promovia o hábito de leitura nas pessoas e criou as feirinhas de livros em escolas, que se popularizaram.
Nos 35 anos em que morou em Itapecerica da Serra (SP), organizou o bairro, estimulando a união entre os vizinhos, a coleta de lixo e a criação da polícia comunitária.
Gostava de ser independente. Atualmente, cuidava da reforma de uma casa.
Morreu na quinta, deixando viúvo, filha e neta. A missa de sétimo dia será hoje, às 9h, na igreja São José, SP.

coluna.obituario@uol.com.br


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