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Familiares criticam investigação sobre a queda do voo 447
Para associações reunidas em Paris, Justiça e agência
francesa fazem apuração com pouca transparência
Acidente, que ontem
completou 1 ano, ainda
tem causas ignoradas;
capital francesa faz hoje
homenagens a vítimas
ANA CAROLINA DANI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE PARIS
Associações de familiares
das vítimas do voo AF 447 da
Air France, que caiu no oceano Atlântico quando fazia a
rota Rio-Paris, acusaram os
responsáveis pela investigação de "ignorarem o impacto
das falhas nas sondas" do
Airbus-A330 para explicar o
acidente, que matou 228.
As críticas tinham como
alvos a Justiça francesa e a
BEA (agência responsável
pela investigação) e foram
feitas em Paris ontem, aniversário de um ano do acidente, cujas causas ainda
continuam desconhecidas.
As acusações partiram da
Associação Entraide e Solidarité (Ajuda Mútua e Solidariedade), que representa familiares de 70 vítimas, em
entrevista ao lado de representantes de associações
brasileira, alemã e italiana.
O presidente da Entraide
et Solidarité, Jean-Baptiste
Audousset, exigiu mais
"transparência" na investigação e disse que vai pedir a
autoridades e investigadores
que entreguem às associações todos os dados e elementos recolhidos até agora.
Segundo ele, não há dúvidas de que problemas nas
sondas pitot, aparelhos que
ficam do lado externo da aeronave e que medem a velocidade, foram uma das principais causas da queda.
Para Audousset, os três relatórios da BEA são "tendenciosos e incompletos". Ele
exigiu que um observador independente seja nomeado.
O advogado da Associação
Francesa para a Verdade,
Ajuda e Defesa das Vítimas
do Voo 447, Sylvain Meyer,
disse que a BEA, a Air France
e a Airbus sabem exatamente
o que aconteceu, "mas não
querem revelar ao público".
CAIXAS-PRETAS
Na semana passada, a BEA
anunciou, sem sucesso, o fim
da terceira fase das buscas
pelas caixas-pretas, consideradas fundamentais para explicar a queda do avião.
Ao fazer o anúncio, a agência não precisou se poderia
haver uma nova fase de buscas. Procurada pela Folha,
afirmou que vai analisar novamente os dados recolhidos
até agora para tentar entender por quais razões não conseguiu encontrar mais destroços da aeronave.
Somente após essas análises, que podem durar meses,
é que a BEA deve decidir se
vai ou não continuar a busca.
HOMENAGEM
Hoje, cerca de mil familiares das vítimas participam,
em Paris, de cerimônia em
homenagem aos mortos, organizada pela Air France.
De manhã haverá um encontro no Parc Floral. À tarde, será inaugurado, no cemitério do Père Lachaise, um
monumento com 228 andorinhas. Os familiares foram
convidados pela Air France,
que pagou hospedagens e
passagens aéreas.
Para o presidente da Associação das Famílias das Vítimas do Voo 447 no Brasil,
Nelson Marinho, que está em
Paris, as cerimônias não passam de "cortina de fumaça".
"Quero a verdade. Tenho
certeza de que sabem muito
mais do que divulgam."
A Air France, a Airbus e a
BEA não se pronunciaram
ontem sobre as críticas feitas
pelas associações.
FOLHA.com
Após 1 ano, parentes
ainda buscam respostas
no caso
AF-447
folha.com.br/101516
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